8.1 — O sétimo selo no livro (Ap 5.1) é aberto, permitindo finalmente que o livro seja aberto. Fez-se silêncio no céu quase por meia hora parece marcar um breve — mas significativo — intervalo entre a abertura do livro (Ap 6.1—8.1) e o juízo das trombetas (Ap 8.6—11.19). Esse silêncio é quebrado apenas por uma oferta celestial, pelas orações de todos os santos (Ap 8.3,4). E, no entanto, o assustador silêncio antes da tempestade enquanto todo o céu aguarda o juízo vindouro.
8.2 — Os juízos das sete trombetas se desenvolvem em um modelo paralelo a abertura do livro selado com sete selos (Ap 6.1—8.1), o que levou algumas pessoas a concluírem que ambas descrevem o mesmo período de tempo de diferentes pontos de vista, mas a crescente severidade dos juízos das trombetas torna essa possibilidade improvável. O som de uma trombeta tinha mais de um significado no Antigo Testamento. Ela era usada para reunir o povo de Deus (Nm 10.7,8), para convocar o exército do Senhor (v.9), para anunciar um novo rei (1 Rs 1.34-39) e para proclamar o Ano do Jubileu (Lv 25.9). Nesse contexto, o som das trombetas indica uma declaração de guerra.
8.2-6 — Os sete anjos que estavam diante de Deus são como os anjos das sete igrejas (Ap 1.20). As orações dos santos do Senhor parecem ter participação no juízo divino. O incensário é um utensílio usado para queimar incenso. O altar de ouro reflete o esplendor da sala do trono celestial (Ap 4.2,3). Incenso, aqui, pode referir-se à fragrância da infinita perfeição de Cristo, que acompanha as orações de todos os santos ou está misturada com as orações deles. A adição desse incenso é necessária para fazer com que nossas súplicas sejam aceitáveis diante do trono. Ao quebrar o silêncio no céu (Ap 8.1), as orações do povo de Deus para que Ele aja e julgue justamente (Ap 6.10) são ouvidas e respondidas com vozes, trovões relâmpagos e terremotos.
8.7-12 — Como em uma sequência dos primeiros quatro selos, os anjos soam as quatro primeiras trombetas em uma rápida sucessão. No entanto, os efeitos dos juízos das trombetas são muito mais devastadores do que os juízos dos selos. A terça parte das árvores, e toda a erva verde; a terça parte do mar, as criaturas que tinham vida no mar, a terça parte das naus a terça parte dos rios, as fontes das águas e, aparentemente, a terça parte do sol e a terça parte da lua são afetados pelos juízos das trombetas. Os primeiros quatro juízos parecem ter sido determinados para reverter, em parte, a criação original de Deus. O Senhor, inicialmente, ataca o meio ambiente. O alimento é destruído; a distribuição de mercadorias é enfraquecida; o suprimento de água é severamente limitado, e a produção é cortada drasticamente.
8.7 — Quando o primeiro anjo soa a trombeta, saraiva e fogo misturado com sangue são lançados. Essa terrível mistura de destruição e horror soa como uma combinação das imagens da primeira (Êx 7.19,20) e da sétima (Êx 9.22-25) pragas de Deus sobre o Egito. Aqui, a terça parte poderia ser figurativa para uma destruição extensa, mas não completa ainda.
8.8, 9 — Um grande monte ardendo em fogo sugere uma ilha vulcânica massiva irrompendo explosivamente sobre uma vasta parte das águas do mar. A descrição dos efeitos sobre o mar, no entanto, indica que é muito mais do que poluição das cinzas vulcânicas levadas pelo ar. O mar tornando-se sangue e as criaturas do mar morrendo são como uma extensão da primeira praga sobre os egípcios, a transformação das águas do rio Nilo em sangue (Ex 7.17-21).
8.10 — Estrela, aqui, traduz o mesmo termo usado para a estrela do céu em Apocalipse 9.1 e para Cristo como a resplandecente Estrela da manhã em Apocalipse 22.16. Porém, o significado preciso de cada palavra deve ser cuidadosamente interpretado em seu contexto. Nesta passagem, a estrela parece ser um imenso asteroide que cai do céu para a terra, ardendo como uma tocha ao entrar na atmosfera. A estrela poderia cair sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes das águas ao se desintegrar ao atravessar a atmosfera terrestre. Também é provável que a poluição das fontes dos principais rios do mundo e das fontes subterrâneas possam espalhar-se rapidamente para um terço das águas do planeta.
8.11 — Absinto é uma planta encontrada no Oriente Médio, conhecida por seu gosto amargo. Aqui e em outras passagens (Lm 3.19), o termo é figurativo para amargura. Normalmente, o absinto não é venenoso, mas a praga da terceira trombeta envolve efeitos muito mais potentes do que o gosto de uma planta amarga. Muitos homens morreram nas águas. A poluição rápida de um terço da água potável do mundo desencadearia uma crise caótica. O Senhor agora revelava a infidelidade do coração humano de uma forma clara (Ap 9.21).
8.12 — A referência ao escurecimento do sol, da lua e das estrelas e uma reminiscência da nona praga sobre o Egito (Êx 10.21,22) e da efervescência celestial relativa a descrição da segunda vinda de Cristo (Mt 24.29, 30). E parecido também com o fenômeno do sexto selo (Ap 6.12). A terça parte do dia não brilhou e pode significar que o sol, a lua e as estrelas não serão vistos por várias horas do ciclo normal do dia e da noite. No entanto, o que provavelmente significa é que a intensidade de luz durante o dia e a noite é reduzida em um terço por causa das alterações atmosféricas e cósmicas (Ap 8. 7, 8, 10).
8.13 — Ai! Ai! Ai! Essa interjeição fala do impacto dos três juízos das trombetas restantes sobre os infiéis que habitam sobre a terra. O primeiro ai e a quinta trombeta (Ap 9.12); o segundo ai e a sexta trombeta (Ap 11.14). O terceiro ai é considerado como o que vem depressa e pode ser o mesmo que a sétima trombeta (v.15-19), embora não seja declarado assim. Se não, o último ai pode ser focado na Babilônia, a grande meretriz, devido ao clímax no uso do ai.
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