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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Tráfico de pessoas: o que a igreja pode fazer?


O tráfico de pessoas não é um assunto novo. De fato, esse é um fenômeno cuja prática, na antiguidade, era associada às muitas guerras e à cultura predominante da época que considerava normal escravizar, vender e trocar prisioneiros de batalhas. Essa era uma atividade que tinha amparo legal.

Na Bíblia, é possível encontrar inúmeros casos de nação invadindo e escravizando nação; e de povos vencidos sendo desterrados e explorados pelos vencedores. Exemplos disso: os hebreus sofreram com trabalhos forçados no Egito e o próprio Israel padeceu deportações sob os domínios babilônico e assírio. 

A Bíblia registra com naturalidade que Agar era uma escrava (Gn 17.26-27; 16.16) e que Labão negociou e vendeu suas filhas (Gn 31.15). Por outro lado, a Bíblia também registra com riqueza de detalhes denunciantes a venda de José por seus irmãos (Gn 37.13-30). Aquela era uma sociedade patriarcal. Consequentemente, o mundo era dos homens, e o valor da mulher estava na sua capacidade de “produzir” filhos (observe o desespero daquelas que eram consideradas estéreis), comida e vestuário. Isso choca a nossa mentalidade pós-moderna. Mas, aqueles eram outros tempos.

Tráfico de pessoas: o que é isso?

A definição de tráfico de pessoas da ONU é ampla e inclui todo e qualquer ato de recrutamento, coerção, rapto, engano, escravização, comercialização e exploração de pessoas em “posição de vulnerabilidade”, mesmo que supostamente elas deem consentimento para isso. As pesquisas apontam que em regiões e países mais pobres, onde as oportunidades de trabalho e de desenvolvimento educacional são mais precárias, principalmente os mais jovens encontram-se em situação de risco. Além do mais, esse é considerado o 3º mais rentável negócio ilícito do mundo – movimenta cerca de US$ 32 bilhões por ano -, perdendo somente para o tráfico de drogas e de armas.

O tráfico de pessoas hoje no mundo

Se no mundo antigo traficar pessoas era normal e legal, a partir do século 19 iniciaram-se esforços para eliminar as redes internacionais do comércio de negros escravizados e traficados da África, bem como de mulheres conduzidas para trabalharem como prostitutas nas colônias. Apesar de todo desse esforço, o desafio ainda perdura. E hoje, como na antiguidade, as mulheres continuam sendo as maiores vítimas do tráfico humano tanto para exploração sexual como para trabalhos forçados. De fato, o último Relatório Global sobre o Tráfico de Pessoas (2016) denunciou que 71% das vítimas são mulheres e meninas, geralmente traficadas para exploração sexual, trabalhos degradantes e forçados, casamentos coagidos e pornografia. Mas há também quem seja traficado para adoção ilegal e venda de órgãos. Em termos de áreas geográficas, cerca de 64% das vítimas de tráfico vêm da África Subsaariana, da América Central e do Caribe. Geralmente são atraídas com promessa de trabalho divertido e garantia de ganhar dinheiro fácil e rápido.

O tráfico de pessoas na América do Sul e Brasil

As estatísticas apontam que na América do Sul a grande maioria das vítimas também é formada por mulheres (45%) e crianças (40%). Aqui, como em outras regiões, as pessoas são traficadas para trabalhos análogos à escravidão, adoção ilegal, exploração sexual, venda de órgãos, assim como para a produção de materiais pornográficos. O Brasil é considerado o campeão de “exportação” de mulheres e crianças para fins diversos – especialmente para a prostituição e adoção ilegal. Por aqui também não têm sido poucos os casos de trabalho análogo ao de escravos na indústria da confecção envolvendo bolivianos e peruanos, entre outros. Na verdade, o Ministério Público tem notado, desde 2010, um crescimento do número de vítimas de tráfico. As autoridades já mapearam a existência de 241 rotas de tráfico de mulheres e adolescentes para a exploração sexual. Quanto mais pobre a região maior a existência do número de rotas. O Norte (28,63%) e o Nordeste (31,53%) concentram juntos mais de 60% das rotas conhecidas.

O que podemos fazer como Igreja?

A Igreja é um dos poucos grupos sociais organizados presente em todos os municípios, estados e camadas da sociedade. Igualmente, a Igreja tem como referência a tradição profética de anunciar a justiça, de denunciar a tirania, a iniquidade e de buscar proteger os mais vulneráveis. Acrescente-se a isso o mandamento de Jesus para que sejamos “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5.13-14), o seu modelo de proteção e bênção às crianças (Mc 10.13-16) e sua defesa de mulheres em situação de vulnerabilidade (Jo 8.1-11; Mt 26.6-13). Com isso em mente, sugiro que a Igreja pode e deve:

1.    Contribuir para o estabelecimento de políticas públicas que visem eliminar o tráfico de pessoas e suas ramificações – o combate ao trabalho escravo, à adoção ilegal, a exploração sexual.

2.    Disponibilizar nos seus templos e boletins informativos os telefones para denúncias (Disque 100 ou Ligue 180).

3.    Conscientizar seus membros e congregados sobre a temática através dos púlpitos, escolas dominicais e pequenos grupos.

4.    Alertar a população sob sua influência para que desconfie de empregos oferecidos no Brasil ou no exterior que oferecem facilidades.

5.    Apoiar instituições como o Exército de Salvação, a Visão Mundial e outras que trabalham no front do combate ao tráfico de pessoas.

Internacionalmente o Exército de Salvação trabalha para o estabelecimento de leis que visam eliminar o Tráfico de Pessoas e ao mesmo tempo fornece refúgio imediato às vítimas, ajudando-as de forma holística a passar de um estado de vitimização da escravidão para a autossuficiência centrada em Deus.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Homoafetividade, a Bíblia Aprova?



Introdução:

Esta grafia razoará sobre o ponto de vista da Teologia Inclusiva, que segundo a pagina na Internet em 13/03/2013 as 21:26 caracteriza o seguinte comportamento:

 “Os homossexuais ainda lutam pelo direito de inclusão nas variadas estruturas religiosas cristãs no Brasil e no mundo. A igreja inclusiva busca demonstrar, pelas Escrituras Sagradas, que a homossexualidade é tão natural quanto à cor da pele ou dos olhos, por exemplo. “Isto não é uma nova teologia, mas sim um aspecto teológico fundamentado na dignidade da pessoa humana, nas necessidades individuais de homens e mulheres e na valoração da identidade de cada ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus””

Entretanto, este ponderar é antagônico a Teologia Tradicional que afirma de uma maneira categórica que os relacionamentos homossexuais não é aceito pela teologia Bíblica, isto mediante a um padrão de interpretação balizada no que chamam Santidade de Deus, ou seja, tal proceder infere diretamente no projeto de Deus a humanidade, e conclui que isto é um ato abominável.

Neste aflorar surge vária argumentação de ambos os lados, tentando mostrar sua razão. Contudo, estas visões são tão contrárias que é impossível haver um ponto de equidade pacífica entre estes, que possa haver uma fusão dos pontos. Haja vista, que a Bíblia é defendida absoluta para os dois lados.

Será ponderada definição das termologias para evitar usos incorretos; visão da Teologia Inclusiva sobre o assunto para que haja um entendimento maior do assunto proposto; confronto exegético, visando descobrir em que ponto houve um eisegese no Anoso Testamento; problema das traduções será exposto buscando um equilíbrio; e um estudo sobre termologias malakoi e arsenokoitai.
I)                   Homossexualidade

Homossexualidade, também chamada de homossexualismo (do grego antigo ὁμός (homos), igual + latim sexus = sexo), refere-se à característica ou qualidade de um ser (humano ou não) que sente atração física, estética e/ou emocional por outro ser do mesmo sexo ou gênero. Enquanto orientação sexual, a homossexualidade se refere a "um padrão duradouro de experiências sexuais, afetivas e românticas" principalmente ou exclusivamente entre pessoas do mesmo sexo; "também se refere a um indivíduo com senso de identidade pessoal e social com base nessas atrações, manifestando comportamentos e aderindo a uma comunidade de pessoas que compartilham da mesma orientação sexual." Esta palavra parece ter sido usada pela primeira vez em 1869, pelo escritor e jornalista austríaco Karl-Maria Kertheby, segundo Marcos Gladstone em artigo denominado A Bíblia sem prconceito.

Contudo, hoje a um entendimento que, dever-se-ia evitar os termos homossexuais ehomossexualismo devido o uso descriminado deste no século XIX para expressar um distúrbio psiquiátrico. Conhecedores em bibliografia psiquiátrica aderiram em situar-se o nascimento do baliza homossexualismo no século XIX, por volta da década de 1860 ou 1870, criado pelo discurso médico para identificar o sujeito homossexual. Uma termologia moderna “homofetividade” tem ganhado espaço, criado pela desembargadora e jurista Maria Berenice Dias, para evitar uma história de má utilização do termo.

II)                Entendimento pró-relacionamentos homoafetivo:

A Teologia Inclusiva defende que os textos que geralmente são usados contra a prática homoafetiva estão relatando prática cultual, a onde havia orgias. E muitos defendem que alguns trechos bíblicos que expressariam relacionamentos homoafetivos.

Existem, segundo estes, três passagens da Bíblia que fazem referência a atos homossexuais. As duas primeiras no Velho Testamento, no contexto da purificação preconizada pela Lei Mosaica, a Torá. A terceira passagem se situa no Novo Testamento quando o apóstolo Paulo descreve os rituais orgiásticos idólatras dos gentios romanos, as três passagens são estas: Lv. 18:22; Lv. 20: 13; e Rom. 1:18-22. Além destas passagens reconhecem em sua maioria também (I Co. 6:9-10), donde a apologia é feita mediante a controvérsia da tradução. Não houve apontamento de duas outras passagens nos artigos que foram analisados I Tim. 1:10; e de Dt 23:17-18 que é uma condenação específica sobre prostituição cultual.

As passagens em que São Paulo usa as palavras “malakoi” e “arsenokoitai” apontam uma interpretação incerta, e que foi modificado devido à influência cultural preconceituosa da sociedade, segundo a esta Teologia.

É geralmente reconhecido por esta teologia que a palavra malakoi (que literalmente significa "mole", "macio"). É demonstrado ainda em tom apologético que versões bíblicas já traduziram bem como "depravados", "pervertidos", "efeminados", "efebos", "meninos prostitutos" nas traduções mais modernas usam "homossexuais", apesar de o termo ter sido criado no século XIX. Todavia, até a Reforma do século XVI e no Catolicismo no século XX, pensava-se que tal palavra significasse "masturbadores", provavelmente ligando-a aos judeus homossexuais que não praticavam sodomia. Mediante ao significado restrito de "mole" ou "macio", tal termo, quando habitual para adjetivar indivíduos, pode mesmo equivaler "lasso", "irrefreável", "devasso" ou ainda "efeminado". A lamúria destes é que religiosos habituais como, destarte, existiria no texto uma condenação aos homossexuais. A concepção para os tradicionais seria que: homens lassos, promíscuos e efeminados só poderiam ser homossexuais. Destarte, aos defensores da Teologia Inclusiva implicaria uma tradução tendenciosa.

Outro ponderar é mediante a destruição de Sodoma e Gomorra, donde alguns interpretam que foram destruídas mediantes as práticas homossexuais. Contudo, é claro que a razão foi à perversidade deste povo. Quão intuição que estas cidades foram aniquiladas pela prática homossexual, é alvitre da filosofia de São Tomás de Aquino que, na Idade Média, inicialmente referiu a volúpia entre homens como "sodomia". Tal autor abarca a homossexualidade entre os pecados versus naturam, junto com a masturbação e a relação sexual com animais. Para Tomás esses pecados sexuais são mais graves do que os pecados secundum naturam, embora estes se oponham gravemente à ordem da caridade, por exemplo: adultério, violação, sedução. Isto porque, para Aquino, a ordem natural foi fixada por Deus e sua violação constitui uma ofensa ao Criador, o que seria para ele mais grave do que uma ofensa feita ao próximo (cf. Suma Teológica, II-II, questão 154, artigo 11, corpo). São Tomás de Aquino chega a colocar a prática da homossexualidade no mesmo plano de pecados torpíssimos, como o de canibalismo.

A Teologia Inclusiva ainda enxerga em alguns trechos bíblicos relacionamento homoafetivo, são eles: I Rt 1:3-14; I Samuel 18:1; I Samuel 18:2; I Samuel 20:41; II Samuel 1:26; e Daniel 1:9. A mais usada é a que expressa a história de Davi e Jônatas.

III)             Entendimento do Anoso Testamento:

Neste ponto do estudo será proposta uma exegese dos textos A.T. que falam concernentes a homoafetividade.

Os primeiros textos a serem analisados são os Lv. 18:22; Lv. 20: 13:

Traduções Mais Usadas
Traduções Hebraicas
Tradução em Latim
Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é; 
Levítico 18:22 RCF
וְאֶ֨ת־זָכָ֔ר לֹ֥א תִשְׁכַּ֖ב מִשְׁכְּבֵ֣י אִשָּׁ֑ה תֹּועֵבָ֖ה הִֽוא
Levítico 18:22 Westminster Leningrad
Cum masculo non commisceberis coitu femineo: abominatio est. 
Levítico 18:22 Vulgata
Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher; é repugnante. 
Levítico 18:22 NVI
כב ואת זכר--לא תשכב משכבי אשה  תועבה הוא
Levítico 18:22 Aleppo Codex                     
Tradução do latim
Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação. 
Levítico 18:22 ARA
Texto Grego
Não se deitar com um homem como uma mulher: é abominação.
Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação. 
Levítico 18:22 VC
Και μετα αρρενος δεν θελεις συνουσιασθη, ως μετα γυναικος· ειναι βδελυγμα. 
Levítico 18:22 Grego Moderno
Palavra que provoca sentido: συνουσιασθη (relações sexuais impróprias)
Não te deitarás com o homem, como se fosse mulher; é uma abominação. 
Levítico 18:22 SBB
Tradução: E depois não te synousiasthi (relações sexuais impróprias) homens como mulheres; meta (pois após) é (será) uma abominação.



Traduções Hebraicas
Tradução Linear
Dicionário Hebraico-Português  (Rifka Berezim)
וְאֶ֨ת־זָכָ֔ר לֹ֥א תִשְׁכַּ֖ב מִשְׁכְּבֵ֣י אִשָּׁ֑ה תֹּועֵבָ֖ה הִֽוא׃ 
Levítico 18:22 Westminster Leningrad Codex
וְאֶ֨ת־זָכָ֔ר
לֹ֥א
תִשְׁכַּ֖ב
מִשְׁכְּבֵ֣י
אִשָּׁ֑ה
תֹּועֵבָ֖ה
הִֽוא׃
Tradução Literal
Masculino
não
mentir
deitado
mulher
Abominação; repulsão; execração.Terminado גidolatria, ídolo
ser
Compreendendo a Frase
כב ואת זכר--לא תשכב משכבי אשה  תועבה הוא
Levítico 18:22 Aleppo Codex                 
Macho, não mintas deitando-se (relacionando) como mulher, pois será abominação.

Neste trecho é possível ver uma harmonização como as traduções bíblicas que procuraram dar um sentido mais claro com os dois melhores Codex em hebraico. A palavra תֹּועֵבָ֖ה  (tow `ebah traduzida aqui e nas demais traduções como “abominação” poderia ter uma conotação “execração” ou “repugnante” como na NVI, para evitar a ligação como a palavra “idolatria” o “ídolo”. Contudo, alguns rabinos entendem que traduzindo por “ídolo” apontará para a função dos ídolos neste mundo, desviar o ser humano de Deus.

Apontar que estes atos sexuais são práticas cultuais, descaracterizaria a Porção Semanal Acharê.
Os mandamentos descritos na Parashá Acharê Mot , seguem cronologicamente as mortes trágicas dos dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, que é lido na Parashá Shemini há algumas semanas.
A porção desta semana começa com uma longa descrição do serviço especial de Yom Kipur, a ser realizado no Mishcan pelo Cohen Gadol. O serviço incluía a confissão do Cohen Gadol em seu próprio nome e em nome de toda a nação; a seleção por sorteio entre duas cabras, uma das quais seria a oferenda pelo pecado nacional, e a outra seria empurrada de um penhasco no deserto, como portadora dos pecados do povo; e as complicadas cerimônias de aspersão de incenso e sangue a serem realizadas no Codesh HaKedoshim (Santo dos Santos).
Seguindo a ordem de que Yom Kipur e suas leis de jejum e abstinência de trabalho seriam observadas eternamente pelo povo judeu como um dia de perdão, a Torá proíbe a oferenda de corbanot fora das instalações do Mishcan. O sangue não pode ser ingerido, e durante o processo da shechitá (abate ritual), uma porção do sangue derramado deve ser coberta. A porção da Torá conclui com uma lista dos relacionamentos sexuais imorais e proibidos, e a ordem de que o povo judeu mantenha e assegure a santidade da terra de Israel. (http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1186953/jewish/Resumo-da-Parash.htm)

Traduções Mais Usadas
Traduções Hebraicas
Tradução em Latim
Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles 
Levítico 20:13 ACRF
וְאִ֗ישׁ אֲשֶׁ֨ר יִשְׁכַּ֤ב אֶת־זָכָר֙ מִשְׁכְּבֵ֣י אִשָּׁ֔ה תֹּועֵבָ֥ה עָשׂ֖וּ שְׁנֵיהֶ֑ם מֹ֥ות יוּמָ֖תוּ דְּמֵיהֶ֥ם בָּֽם׃ 
Levítico 20:13  Westminster Leningrad Codex
Qui dormierit cum masculo coitu femineo, uterque operatus est nefas, morte moriantur: sit sanguis eorum super eos. 
Levítico 20:13 Vulgata
Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles. 
Levítico 20:13 AR
יג ואיש אשר ישכב את זכר משכבי אשה--תועבה עשו שניהם מות יומתו דמיהם בם
Levítico 20:13 Aleppo Codex
Tradução do Latim para o Português
Se um homem se deitar com um homem como uma mulher, ambos terão praticado abominação, ser condenados à morte: seu sangue será sobre eles.
"Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte. 
Levítico 20:13 NVI

Tradução Grega
Εαν δε τις κοιμηθη μετα αρρενος, καθως κοιμαται μετα γυναικος, βδελυγμα επραξαν αμφοτεροι· εξαπαντος θελουσι θανατωθη· το αιμα αυτων θελει εισθαι επ' αυτους. 
Levítico 20:13 Grego Moderno
e um homem se deitar com outro homem, como se faz com uma mulher, ambos terão praticado uma abominação; certamente serão mortos, e o seu sangue recairá sobre eles. 
Levítico 20:13 SBB
Tradução do grego para o português
Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa.
Levítico 20:13  VC
Se você (sendo homem) dormir (com um do) sexo masculino; dormir (como) mulher fez abominação, ambos certamente serão mortos; sangue deles será sobre eles.


Traduções Hebraicas

--תועבה עשו שניהם מות יומתו דמיהם בם יג ואיש אשר ישכב את זכר משכבי אשה

Levítico 20:13

Tradução Literal


(S)e um homem que estava com um homem encontra-se com (este como) uma mulher - uma abominação feita tanto os matarão (morrerão) (derramando seu sangue )



Neste trecho, mais uma vez é visto que as relações homoafetivas não são aceitos pelas Escrituras Sagradas. A palavra de entendimento é תועבה עשו (tō·w·'ê·ḇāh 'ā·śū), que faz parte Lei Mitzvah, que ocorre em Jeremias (6:15; 8:12) que em vez de remeter a idolatria, provavelmente Jeremias remeteria ao relacionamento homoafetivo. O versículo citado (Lev. 20:13), remete uma condenação, que traz uma diferenciação de (Lv. 18:22) que era um apontamento para que não houvesse este proceder. Isto é bem entendido quando há uma observação da Porção Semanal da Leitura Hebraica do Haftará de Kedoshim.

Kedoshim (Vayicrá 19:1-20:27) inicia-se com a ordem de D’us para toda a nação de Israel para ser santa, imitando a suprema santidade do próprio Criador. A Torá prossegue delineando uma infinidade de mitsvot através das quais podemos atingir a santidade, abrangendo uma grande variedade de assuntos, tanto mandamentos positivos como inferências negativas, lidando com nosso relacionamento ímpar com D’us e com nosso próximo.

Recebemos ordens de temer nossos pais, guardar o Shabat e abstermo-nos da adoração de ídolos. D’us nos instrui a deixar vários presentes de nossa colheita para os pobres e oprimidos, incluindo o canto dos campos e os feixes que caíram por acaso ao serem juntados. Devemos manter a justiça, fazer negócios honestos com nossos vizinhos, não praticar a maledicência, e de forma geral ter pelos outros a mesma consideração que temos por nós mesmos.

Segue-se uma descrição de várias categorias de kilayim (misturas proibidas) – hibridação de animais e plantas, e vestir shatnez (uma mistura de lã e linho em uma mesma peça de roupa) – a Torá discute orlá, a proibição de consumir frutas nos primeiros três anos após o plantio de uma árvore. A porção continua com uma lista das punições a serem impostas às pessoas que transgridem e participam das várias relações proibidas relacionadas na porção da semana anterior. A Parashá Kedoshim conclui com o mandamento, mais uma vez, para que sejamos um povo santo e distinto dentre as nações do mundo. (http://shaveiisraelemrecife.xpg.uol.com.br/porcao-semanal-kedoshim-41.html)

Apesar dos integrantes da Teologia Inclusiva afirmar que tais textos serem um apontamento a prostituição cultual não há como sustentar esta afirmação. O texto Bíblico que fala sobre prostituição cultual está em Dt 23:17-18, que é o livro teológico do Antigo Testameto. O nome hebraico deste quinto livro do Pentateuco é Devarím (Palavras), tirado da frase inicial do texto hebraico. O nome "Deuteronômio" deriva do título grego na Septuaginta, Deuteronómion, que significa literalmente "segunda lei", "repetição da lei". Vem da tradução grega duma frase hebraica no Deuteronômio 17:18, mishnéh hat tohráh, corretamente traduzida por "cópia da lei". Muitos vêem como um livro de explicações e complemento dos demais livros do Pentateuco.

Concernente aos textos que supostamente a um relacionamento homoafetivo (I Rt 1:3-14; I Samuel 18:1; I Samuel 18:2; I Samuel 20:41; II Samuel 1:26; e Daniel 1:9), a uma eisegese devido a uma má compreensão das termologias tanto no hebraico como no grego, em outros casos, como o de Noemi I Rt 1:3-14 a uma falta de conhecimento sócio cultural da época.

O texto mais debatido são os que relatam a vida de Davi e Jônatas. A palavra para demonstrar o amor de Jônatas e Davi é ויאהבהו (way·ye·'ĕ·hā·ḇê·hū) e o ocorre pelo menos duas vezes na Bíblia (I Sm 16:21; 18:1) ambos demonstram afeição e não sedução, a outra termologia usada neste texto é נקשרה que só aparece neste texto, contudo o Dicionário Hebraico-Portugês Rifika Berezim traduz como “ser amarrado; ser atado; ser juntado;ser conectado”, que é diferente da palavra מאהבה que ocorre duas vezes (Pv. 27:5; II Sm 13:15), que não ocorre em nenhum dos trechos que relatam a amizade de ambos, e não há também nenhuma palavra dos trechos supracitado de Levítico que envolve tal entender.

No caso de Daniel, o entendimento vem por ele provavelmente ter sido feito eunuco pela vontade dos homens, a palavra em hebraico para eunuco é הסריסים e aparece em Daniel seis vezes em relação aos seus serviços ao rei. E os que defendem esta opinião apontam o texto de Daniel 1:9 “Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos”, principalmente nas palavras misericórdia diante do chefe dos eunucos, contudo a palavra misericórdia é literal (hb רחמים) (Rahamim) e ocorre ainda em quatro passagens anoso testamentárias:
E vos concederei misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós, e vos faça voltar à vossa terra. Jeremias 42:12
E Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei. Gênesis 43:14
Quando ouvires a voz do SENHOR teu Deus, para guardares todos os seus mandamentos que hoje te ordeno; para fazeres o que for reto aos olhos do SENHOR teu Deus. Deuteronômio 13:18
Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha herança, e os entreguei na tua mão; porém não usaste com eles de misericórdia, e até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo. Isaías 47:06

E, significam exatamente compaixão pela miséria do próximo em todas as áreas, seria leviano interpretar como um sentimento de lascívia.

IV)             Entendimento Neo Testamentário, baseado no termos  arsenokoitai e malakoi

η ουκ οιδατε οτι αδικοι βασιλειαν θεου ου κληρονομησουσιν μη πλανασθε ουτε πορνοι ουτε ειδωλολατραι ουτε μοιχοι ουτε μαλακοι ουτε αρσενοκοιται (1 Coríntios 6:9).

πορνοις αρσενοκοιταις ανδραποδισταις ψευσταις επιορκοις και ει τι ετερον τη υγιαινουση διδασκαλια αντικειται (1 Timóteo 1:10).

A evidência literária

Conforme muitos estudiosos perceberam, as poucas ocorrências do termoarsenokoitai aparecem no subgênero literário (topos) conhecido como “lista de vícios”. Os filósofos da antiguidade greco-romana tinham o hábito de elaborar listas para que seus discípulos as memorizassem e, depois disso, as colocassem em prática. Paulo também desenvolveu essa prática, tendo produzido listas de virtudes, de vícios e de vicissitudes (TORRES, 2002). Nessas listas, os itens são geralmente organizados em grupos compatíveis ou em consonância com algum outro princípio organizador. Por essa razão, Martin (1996) argumenta que a citação de 1 Timóteo coloca arsenokoitai malakoi entre os pecados de natureza econômica e não entre aqueles de natureza sexual, como moicheia (adultério) e porneia (prostituição), por exemplo. Para o autor, a lista de vícios, em 1 Timóteo, organiza os pecados em duplas: transgressores e rebeldes; irreverentes e pecadores; ímpios e profanos; parricidas e matricidas; homicidas e homens prostituídos (pornoi); arsenokoitai e raptores de homens (andrapodistai); mentirosos e perjuros. O autor busca apoio adicional no fato de que, na citação dos Oráculos sibilinos, a forma verbalarsenokoitein parece ter um referencial econômico ou financeiro. Sendo assim, propõe que a expressão não pode ser entendida como equivalente à prática consensual do homossexualismo. No entanto, Jepsen (2006) argumenta que, a despeito de sua tendência organizadora, há inúmeras listas de vícios e virtudes em que os itens guardam pouca relação entre si. O autor apresenta um exemplo oriundo da própria obra Oráculos sibilinos (2.75), em que vícios e virtudes são mencionados de forma aleatória: julgar outras pessoas, dar falso testemunho, conservar a castidade, praticar o amor e não usar pesos ou balanças mentirosos. Ou seja, em muitas dessas listas, o único princípio organizador é que elas contêm vícios e virtudes.
Além disso, embora seja geralmente considerado que as listas de vício dificultem a interpretação do significado das palavras nelas contidas, uma vez que essas são inseridas sem um contexto mais amplo que as identifique (SCROGGS, 1983, p. 127-129), essas listas às vezes apresentam qualificações adicionais que possibilitam a compreensão, pelo menos provisória, do significado de seus itens constitutivos. Felizmente, há inúmeras listas de vícios que nos chegaram da antiguidade, o que nos permite fazer esse tipo de constatação. Um bom exemplo desse tipo de qualificação provém de um teólogo cristão do século IV, conhecido como Efraim. Em uma das preces incluídas em sua obra Petições à mãe de Deus(5.373.6-11), o autor apresenta esse tipo adicional de qualificações aos pecados de sua lista:

Ἀποδίωξον ἀπ' ἐμοῦ τοῦ ταπεινοῦ καὶ παναθλίου δούλου σου τὴν ἀκηδίαν, τὴν
λήθην, τὴν ἄγνοιαν, τὴν ἀμέλειαν, τὴν κενοδοξίαν, τὴν μοιχείαν, τὴν πορνείαν,
τὴν ἀρσενοκοιτίαν, τὴν γαστριμαργίαν, καὶ πάντας τοὺς πονηροὺς καὶ αἰσχροὺς
καὶ βλασφήμους λογισμοὺς ἐκ τῆς ἀθλίας καὶ ταλαιπώρου μου καρδίας καὶ τοῦ
ἐσκοτισμένου μου νοός, καὶ πάντων τῶν κακῶν μου πράξεων ἐλευθέρωσον, καὶ
κατάσβεσόν μου τὴν φλόγα τῶν παθῶν, ὅτι ἀσθενὴς καὶ ταλαίπωρός εἰμι.
“Tira de mim, teu humilde e miserável servo, a apatia, o esquecimento, a ignorância, a indiferença, a vaidade, o adultério, a prostituição, a arsenokoitia, a comilança e todo pensamento maldoso, indecente ou blasfemo; [tira essas coisas] de meu coração desgraçado e digno de pena, e da minha mente escurecida. Também liberta-me de todas as minhas ações perversas, bem como apaga a chama de minhas paixões, pois sou fraco e miserável.”

Como se percebe, esta lista de vícios contendo a arsenokoitia se coloca também no subgênero (topos) das enfermidades (paixões) da alma, uma das temáticas filosóficas mais comuns da literatura greco-romana (TORRES, 2007). Uma característica fundamental desse topos literário consiste justamente em sua capacidade de motivar o indivíduo ao crescimento intelectual, espiritual e social. A prostituição cultual, a violência do sexo não consensual (estupro), a pedofilia e a cafetinagem parecem não estar incluídas entre as preocupações dessa modalidade filosófica.
Além disso, há uma passagem de Orígenes (Exposição sobre Provérbios 7.74) que, embora não tenha feito parte das discussões teológicas e filológicas dearsenokoitia, acrescenta um dado importante em relação à compreensão antiga do termo:

Οἱ μὲν ἐν ταῖς πλατείαις ῥεμβόμενοι, μοιχείας καὶ πορνείας καὶ κλοπῆς
λαμβάνουσι λογισμούς· οἱ δὲ ἔξω τούτων ῥεμβόμενοι, τὰς παρὰ φύσιν
ἡδονὰς μετέρχονται, ἀρσενοκοιτεῖν ἐπιζητοῦντες, καὶ ἄλλων τινῶν
ἀπαγορευομένων πραγμάτων φαντασίας λαμβάνοντες·

“Alguns vagueiam pelas praças, colhendo relatos de adultério, prostituição e furto; outros vagueiam fora das [praças], participando em prazeres contrários à natureza, procurandoarsenokoitar e recebendo desfiles de outras coisas proibidas.”

Orígenes deixa claro que a arsenokoitia era considerada, pela igreja cristã primitiva, como uma violação da natureza humana. Essa descrição se encaixa muito mais numa situação de autodepravação do que numa situação exploratória de outras pessoas, quer no contexto econômico ou sexual. Nesse contexto, Teodoreto (História eclesiástica 252.4) nos dá, no final do século IV, outra pista para a decifração de arsenokoitia:
ἀντὶ γὰρ θείων ῥημάτων αἰσχρότητα προὐβάλλετο, ἀντὶ σεμνῶν λόγων
ἀσέλγειαν, ἀντ' εὐσεβείας ἀσέβειαν, ἀντὶ ἐγκρατείας πορνείαν, μοιχείαν,
ἀρσενοκοιτίαν, κλοπήν, πόσιν καὶ βρῶσιν τῷ βίῳ πρὸς τοῖς ἄλλοις
εἰσηγούμενος εἶναι χρήσιμα.

“Em vez das palavras de Deus, propôs fealdade; em vez de discursos nobres, imoralidade; em vez de piedade, impiedade; em vez de domínio próprio (egkrateia), prostituição, adultério, arsenokoitia, furto, bebedeira e comilança, ensinando que essas coisas, além de outras, são úteis para a vida.”

Não me parece que textos como estes condenem necessariamente a prostituição cultual, a pedofilia, a cafetinagem ou o estupro. Listas de vícios como estas reprovavam pecados individuais cometidos, muitas vezes, em oculto: adultério, furto, prostituição. Além disso, a ênfase tampouco parece recair sobre o que se faz contra o próximo, mas naquilo que a degradação nos leva a fazer, quer contra o próximo quer contra nós mesmos. Orígenes, por exemplo, se preocupa também com as coisas que fazemos longe das praças públicas. Não me parece lógico que um cafetão ou prostituto cultual estabelecesse seu “negócio” em áreas pouco visitadas da cidade. Teodoreto, por sua vez, mostra que a arsenokoitia é a alternativa pecaminosa para a temperança virtuosa (egkrateia). De novo, não me parece que a prostituição cultual ou a cafetinagem sejam oriundas da falta deegkrateia. Como no caso do adultério, da bebedeira e da comilança, o termoarsenokoitia deve ser descritivo de um pecado contra a natureza e que emane da falta de domínio próprio.
O caráter geral da arsenokoitia, mais do que a possibilidade de uma definição limitada tecnicamente, também é confirmado pelo comentário do escoliasta deNuvens (1090c), do comediógrafo Aristófanes, que explica que um personagem da comédia “acusa” (diaballei) os atenienses de serem arsenokoitai, adúlteros (moichoi) e prostitutos (pornoi). Segundo o escoliasta, com isso o personagem expunha o fato de os atenienses levarem “um estilo de vida depravado” (phaulos bios), “abusando de seus amantes de modo desavergonhado”(tois paidikois chrômenous anaidôs). Mais adiante (1090d), o escoliasta chega a atribuir aos atenienses o que chama de arsenomania (“obsessão por machos”). Apesar do caráter hiperbólico da declaração, não parece que o escolista restrinja aarsenokoitia a pecados limitados a certas situações da vida ateniense. Sua descrição aponta para uma tendência geral, uma permissividade que afeta a população masculina de modo geral.

Uma evidência contrária a essa minha insistência, partilhada por outros estudiosos (WRIGHT, 1984; MENDELL, 1990?), de que o termo arsenokoitai deve ser entendido à luz dos pecados individuais que representam tentações para os indivíduos de modo geral é o fato de que a lista de vícios de 1 Tm 1:10 inclui termos como matricidas, patricidas e andrapodistai (“raptores de homens”). De fato,andrapodistai é uma palavra cujo significado é mais facilmente determinado devido a sua ocorrência em diversos autores pagãos (Aristófanes, Platão, Xenofonte, Demóstenes, Políbio e Dio Crisóstomo, por exemplo). Devo reconhecer que a tentação de matar o pai e a mãe ou raptar homens não parece do tipo que se mostraria atraente para mais do que um punhado de pessoas. Não obstante, quando consideramos a evidência disponível, o peso da balança parece se inclinar indiscutivelmente para o fato de que arsenokoitia consistia, na visão bíblica, uma forma abrangente de homossexualismo.

A evidência interna

A evidência quanto ao significado de arsenokoitia pode emanar, como foi visto, da análise de vários aspectos pertinentes ao contexto em que o termo aparece na correspondência paulina. No entanto, nenhum peso de evidência deveria ser maior do que o próprio contexto. A esse respeito, recentes estudos apontam para o fato de que as epístolas de Paulo aos coríntios fazem parte de uma discussão cujo componente sexual desempenha importante papel (HARRILL, 2001; LARSON, 2004; MAYORDOMO-MARÍN, 2006). A comparação da correspondência paulina com as invectivas de Polemo de Esmirna contra Favorino de Arles, um dos hermafroditas mais famosos do início da era cristã, situa os escritos de Paulo, entre outras coisas, no contexto da autodefesa de sua masculinidade diante de insinuações contrárias. De acordo com Cícero (Brutus 18.59), um orador manterá,
in gestu status erectus et celsus; rarus incessus nec ita longus; excursio moderata
eaque rara; nulla mollitia cervicum, nullae argutiae digitorum, non ad numerum
articulus cadens; trunco magis toto se ipse moderans et virili laterum flexione.
“em sua postura, um estado ereto e elevado; com raros passos e nunca longos; os movimentos devem ser moderados e raros, sem inclinação efeminada do pescoço, sem movimentação excessiva dos dedos, sem marcação do ritmo; deve, em vez disso, moderar-se pela pose de todo o torso e pela atitude viril do corpo.”
Na visão comum da retórica romana, para ser ouvido respeitosamente, era importante que o orador se portasse masculinamente. Por essa razão, a crítica à postura efeminada de um orador podia destruir sua credibilidade. Vários outros escritores da época relatam casos em que uma das partes adotava precisamente essa estratégia, entre eles Tácito, Sêneca, Plutarco e Dio Cássio. A passagem de 2 Co 10:10 tem sido recentemente interpretada como consistindo desse tipo de ataque à capacidade oratória de Paulo. As próprias declarações do apóstolo com respeito a sua flexibilidade no tratamento das diferenças entre os cristãos daquela cidade (1 Co 4:21; 9:19-23; 10:33) poderiam colocá-lo na condição de bajulador, traço de caráter proeminentemente associado à postura efeminada (MARSHALL, 1987, p. 281-325). Diante disso, o apóstolo se defende (2 Co 10:1; 11:20), apelando para o valor cristão da mansidão (2 Co 10:1; 12:5, 8-10) e prometendo recorrer, se necessário, a sua autoridade apostólica (2 Co 13:2). Por essas razões, há um número crescente de estudiosos que identificam, em Paulo, elementos de uma postura aparentemente homofóbica (LARSON, 2004, p. 92; MAYORDOMO-MARÍN, 2006). Segundo esses eruditos, os posicionamentos de Paulo foram motivados pela tentativa de se mostrar suficientemente viril para granjear o apoio de seus ouvintes. Assim, é necessário que Paulo se apresente como pai da igreja de Corinto (1 Co 4:14ss; 2 Co 11:2ss; 12:14), guerreiro (2 Co 10:3-5) e atleta (1 Co 9:24-27). Para esses estudiosos, 1 Co 6: 6-11 constitui importante passagem na qual Paulo estabelece sua condição de orador viril. Há inúmeros aspectos que são disputados em relação a esse trecho da correspondência paulina. No entanto, é possível afirmar que entender as palavras arsenokoitai malakoi como tendo por referenciais aspectos de comportamento ligados à postura efeminada faz sentido à luz dessa controvérsia.

Considerações finais

A despeito da complexidade do tema, é possível chegar a algumas conclusões plausíveis com respeito ao significado da arsenokoitia. A evidência morfológica aponta para o fato de que, mesmo em se tratando de um neologismo, o leitor de Paulo deve ter entendido, sem maiores dificuldades, o sentido sexual dearsenokoitai. A evidência genética sugere que a palavra foi cunhada a partir da LXX. A evidência semântica indica que o vocábulo não tinha um sentido técnico ou limitado, mas que tinha, em vez disso, um significado abrangente. A evidência literária coloca o emprego paulino do termo no subgênero das listas de vícios e notopos das enfermidades ou paixões da alma. E, finalmente, a evidência interna aos escritos de Paulo, especialmente 1 Coríntios, sugere que o apóstolo usou o termo durante uma polêmica contra os coríntios em que sua própria masculinidade estava sendo questionada. Por essas razões, pode-se dizer que a tradução de arsenokoitaipor “homossexuais” não é incompatível com a evidência.

Pode-se considerar, de fato, um sinal dos tempos que, na época de João Crisóstomo (Sermão sobre 1 Coríntios 6:9-10), as pessoas objetassem às passagens paulinas da arsenokoitia porque achavam injusto que os bêbados fossem colocados no mesmo nível dos adúlteros, prostitutos e dos arsenokoitai; mas, hoje, adúlteros, prostitutos e arsenokoitai objetam quanto a serem colocados no mesmo nível em que os bêbados. Por outro lado, nada existe nos evangelhos que nos leve a desprezar quem quer que seja em razão de suas fraquezas. O evangelho de Cristo simplesmente não nos autoriza a desfilar nosso olhar de superioridade, farisaicamente nos ufanando de sermos melhores do que os outros. Não somos. Em vez disso, a mensagem de Cristo é que amemos o próximo como a nós mesmos, sem levar em consideração se esse próximo é bêbado, adúltero, prostituto ou arsenokoitês.

Todavia, a Palavra de Deus é límpida em seu entendimento que dos quais praticam tais coisas não herdaram o Reino de Deus. Existe hoje uma falta de respeito generalizada, provocada por ambas as partes. De um lado ativistas LGVT sendo usados politicamente para votos, donde seus representantes não lhe representam as suas dignidades e virtudes; de outro lado à massa televisiva que se utiliza dos fatores antagônicos para garantir pontos de audiência; e por fim religioso que deixaram de pregar a Palavra para fazerem discursos políticos que convencem alguns a voltarem nestes. O Brasil caminha para um rumo difícil a onde, o respeito à escolha será banido. Há por necessidade extrema as Igrejas reverem seus conceitos, pois se hoje há brechas para esta discussão é porque a Palavra de Deus deixou de ser ensinada como deveria nos púlpitos. E, se o outro lado hostiliza tanto a Igreja é porque ainda não foi demonstrada esta doutrina com amor.


Espero, que em Deus possamos ter a Paz que venha de Deus, e possamos honrar ao Senhor respeitando: a Ele; a Sua Palavra; a Igreja; e o próximo. Que Deus nos abençoe.


Pr. Douglas Stemback.