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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

AS SETE TROMBETAS



 AS SETE TROMBETAS Ap 8.6-11.19

Como os sete selos caem em dois grupos de quatro e de três, assim as sete trombetas se dividem, as primeiras quatro tendo reminiscências distintas das pragas egípcias, na ocasião do êxodo. Em Ap 15.3, a segunda vinda é tacitamente comparada com o êxodo (os redimidos cantam o cântico de Moisés e do Cordeiro); assim, aqui essa redenção é proclamada por semelhantes pragas sobre os ímpios. Note-se, outrossim, que o uso escatológico da trombeta remonta ao soar da trombeta na ocasião da teofania no Sinal (Êx 19.13-20). Para exemplos do uso da trombeta nesse último dia, ver Jl 2.1, 1Co 15.52, 1Ts 4.16.

>Ap-8.7

a) A primeira trombeta (Ap 8.7)

A primeira trombeta afeta um terço da terra; cfr. a praga de saraiva e fogo, em Êx 9.25. Toda a erva verde foi queimada, isto é, na terça parte da terra afetada; os gafanhotos de Ap 9.4 são proibidos de danificar a erva da terra, que não existiria se este juízo fosse universal.

>Ap-8.8

b) A segunda trombeta (Ap 8.8-9)

A segunda trombeta afeta um terço do mar. Como o Nilo foi transformado em sangue, na primeira praga egípcia (Êx 7.20-21), assim a terça parte do mar aqui.

>Ap-8.10

c) A terceira trombeta (Ap 8.10-11)

A terceira trombeta faz com que um terço da água doce se torne amarga, e assim continua a ideia da praga anterior; cfr. Ap 16.3-7. Desde que a estrela que caiu, ao soar da quinta trombeta (Ap 9.1), é um ser angélico, é possível que Absinto (11) seja também um anjo. Para as águas amargas, comparar Jr 9.15; Jr 23.15.

>Ap-8.12

d) A quarta trombeta (Ap 8.12)

A quarta trombeta escurece a terça parte do céu. Em vez de "e a terça parte do dia não brilhasse, e semelhantemente a noite" (versão revista e corrigida), ler com a versão Boaírica, "não brilhasse a terça parte deles durante o dia e de igual modo durante a noite". Isto corresponde até certa medida à praga egípcia das trevas (Êx 10.21-23).

>Ap-8.13

Ai (13) agora se repete três vezes pelo anjo, porque as últimas três pragas são particularmente penosas e se intitulam o primeiro, o segundo e o terceiro ais. Eles se dirigem aos que habitam sobre a terra, isto é, o mundo não cristão em distinção da Igreja.
Ap-9.1

e) A quinta trombeta (Ap 9.1-12)

A quinta trombeta introduz uma praga de gafanhotos demoníacos. O fato que a estrela vista por João jaz "caída na terra" não exige que seja um anjo "caído". O movimento é narrado simplesmente para mostrar que a "estrela" veio desde o céu até a terra para abrir o abismo, onde habitavam as hordas demoníacas. Nuvens como o fumo de uma grande fornalha (2) lembrariam os leitores de João dos vulcões que eles haviam visto, mas elas têm por finalidade antes deixar a impressão de uma nuvem de gafanhotos que avança (ver Jl 2.10). A comparação destas hostes demoníacas aos gafanhotos remonta à visão de Joel, acima mencionada; onde é dito que os exércitos de gafanhotos têm a aparência de cavalos de guerra que correm à batalha, estrondeiam como carros, avançam como homens poderosos, escurecem os céus (Jl 2.4-10) e têm presas como leões (Jl 1.6). Além destas características, João declara que os gafanhotos têm poder para infligir a dor como escorpiões (3); ver também Ap 9.10. Vers. 4 indica a razão por que os gafanhotos ferroam: eles são mandados não para danificar a vegetação, mas tão somente tais homens que não têm em suas testas o sinal de Deus. Cinco meses (5) é a extensão normal da vida dum gafanhoto (primavera e verão). Escorpiões infligem agonia, porém raramente matam aos homens. A semelhança entre a cabeça de um gafanhoto e a de um cavalo (7) era muitas vezes mencionada por escritores antigos. O cabelo como o cabelo de mulheres (8) se refere à sua antena comprida, dentes leoninos, à capacidade destruidora, couraças de ferro, as suas escamas. As coroas semelhantes ao ouro, e os rostos como eram rostos de homens (7), contudo frisam o fato que eles não são gafanhotos ordinários, mas sim, demônios. Daí o seu rei é Abadom (11), um nome que no Velho Testamento denota as profundezas do Seol e significa "destruição" (cfr. Jó 28.22).

Se esta praga tem por finalidade simbolizar as dores da consciência ferida dos homens (como Swete crê), ou deverá ser tomada mais literalmente, é difícil dizer. É possível que, tanto neste ai, como no que se segue, João descreva o incômodo da humanidade por forças demoníacas reais; tal ponto de vista estaria de acordo com o ensino do Novo Testamento sobre demônios em geral.

>Ap-9.13

f) A sexta trombeta (Ap 9.13-21)

A sexta trombeta traz um exército demoníaco do Eufrates. Uma voz do altar de ouro inicia a praga (13), ligando-a, deste modo, aos clamores dos mártires no céu e às orações dos santos na terra (cfr. Ap 8.4-5). Os quatro anjos (14) são ministros da ira. O rio Eufrates formava o "limite ideal" da terra de Israel (Driver, ver Gn 15.18); além dele ficavam os grandes impérios da Babilônia e Assíria. Como exércitos vinham destes territórios incógnitos para devastar ao Israel desobediente da antigilidade, assim se levantariam cavalos mais pavorosos para punir o mundo sem Deus. Nada no programa de Deus é acidental. É fixo o momento preciso desta invasão, a saber, "numa hora definida de um dia definido, num mês definido, de um ano definido" (Charles). A inimaginável cifra de duas centenas de milhões (ver Sl 68.17) sugere que toda esta descrição nos vers. 16-19 não se deve tomar literalmente demais. Os cavaleiros parecem ser de pouca monta; são os cavalos que apavoram e destroem. Correspondendo ao mortífero fogo e fumo e enxofre (17) que procede da boca dos cavalos, os cavaleiros têm couraças de vermelho fogoso, azul fumegante e amarelo sulfúrico. Monstros desta qualidade não eram incógnitos à mitologia pagã; João, possivelmente de propósito, emprega tais termos para declarar que os artifícios desta multidão infernal excedem a descrição das mais apavorantes imaginações da superstição pagã, inclusive até os brutos do caos primevo. A praga deixa de produzir um efeito salutar no mundo que se opõe a Deus; os homens persistem ainda na idolatria, com seus males concomitantes e não acham nenhum lugar para o arrependimento (20-21).

Ap-10.1

g) Interlúdio entre a sexta e a sétima trombetas (Ap 10.1-11.14)

Assim como João inseriu um parêntese entre o sexto e o sétimo selos, assim ele faz entre a sexta e a sétima trombetas. O seu propósito neste interlúdio é acentuar a certa proximidade do fim (Ap 10.1-7), a validade do seu ministério profético (Ap 10.8-11), a segurança da Igreja (Ap 11.1-2) e o poder do seu testemunho na era do anticristo (Ap 11.3-13). Através desta seção, o vidente põe os escritos proféticos muito sob contribuição, tanto canônica como de outra forma, e reaplica-os com grande liberdade; é necessário levar isto em mente especialmente em se tratando de interpretar o cap. 11.

1. A PROXIMIDADE DO FIM (Ap 10.1-7) -O anjo forte (1) é às vezes identificado com Cristo, mas não é provável que se fizesse referência a Ele como sendo um anjo; ver #Dn 12.7. O arco-íris em redor de sua cabeça pode ser devido radiância do seu rosto, que reluz através da nuvem que o circunda. Uma vez que a palavra hebraica para pé (regel) pode significar também perna, devemos talvez ler "suas pernas como colunas de fogo". Em vista do vers. 11, o livrinho (2) parece incluir o resto das visões deste livro. Os sete trovões (3) não foram proferidos pelo anjo, porque eles seguiram o seu clamor, mas provavelmente vieram de Deus ou de Cristo (como também o comando de vers. 4). Por uma razão que não nos é conhecida, é proibido a João revelar a mensagem dos trovões. Alguns comparam 2Co 12.4, porém, não adequadamente, porque a revelação mal podia ser maior do que a dos cap. 4 e 5. Kiddle sugere que foi uma revelação dada para a própria iluminação de João, mas que, para relatar, ele não pode digressionar, em vista da importância do resto da visão, um conceito que é tão viável quanto qualquer um outro até agora exposto. Para Ap 10.5-7, cfr. Dn 12.7. O anjo fica em pé na terra e no mar porque a sua mensagem é de importância universal. O peso de sua declaração é que não haveria mais demora (6). O propósito de Deus para a humanidade, revelado aos profetas, deverá ser agora cumprido; o sétimo anjo (7) está para fazer soar a sua trombeta e então virá o fim.

>Ap-10.8

2. A COMISSÃO DE JOÃO COMO PROFETA REAFIRMADA (Ap 10.8-11) -Esta parte da visão relembra Ez 2.9-3.3. Como no caso de Ezequiel, o comer o livro causou tanto doçura como amargura, um fenômeno devido, contudo, ao misto de bênçãos e ais a serem pronunciados do que à doçura de proclamar obedientemente o que é amargo. A importância da passagem parece ser uma reafirmação da comissão profética de João.

Ap-11.1

3. A SEGURANÇA DA IGREJA (Ap 11.1-2) -Neste breve oráculo, é medido o templo em Jerusalém, junto com os seus adoradores, para proteção em um período de tribulação (cfr. Ez 40.3; Am 7.7-9). O átrio exterior dos gentios e a própria cidade são deixados ao domínio de um opressor pagão, por três anos e meio. Alguns expositores têm interpretado isto como significando que a profecia foi escrita antes de 70 A. D., enquanto o templo ainda estava de pé. Mas é difícil harmonizar este ponto de vista com o livro como um todo, que se preocupa com o bem-estar da Igreja Cristã, e não a nação judaica. A visão de João pretende revelar a segurança espiritual da Igreja durante a era do domínio do anticristo. Segue-se que não devemos esperar poder alegorizar cada pormenor do retrato, mas estar contentes por entender o seu sentido geral. O templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram (1) encerram uma idéia, a Igreja (cfr. 1Co 3.16). Semelhantemente, o átrio que está fora do templo e a cidade santa (2) representam conjuntamente o mundo fora da Igreja. É uma afoita transformação, mas o vers. 8 sugere que a antiga "santa cidade" se tornou agora idêntica com a Sodoma pecaminosa, Egito, o opressor, e o império tirânico que guerreia contra o Messias. Para os quarenta e dois meses (2) cfr. Ap 12.6 (mil duzentos e sessenta dias) e Ap 12.14 (tempo, tempos, e a metade de um tempo), todas as expressões equivalentes aos três anos e meio do reino do anticristo. O mesmo cálculo aparece em Dn 7.25-12.7, mas a sua exata significação ainda é obscura.

>Ap-11.3

4. A PROFECIA DAS DUAS TESTEMUNHAS (Ap 11.3-14) -Isto envolve princípios semelhantes aos vers. 1-2. As duas testemunhas originalmente foram Moisés e Elias. Para o aparecimento esperado deste último, antes da vinda do Messias ver. Ml 4.5. Era o pensamento de alguns que Moisés também tivesse sido trasladado ao céu e retornasse com Elias; Johanan ben Zakkai declarou que Deus dissesse a Moisés, "Se eu mandar o profeta Elias, vós ambos teríeis que vir juntos". Podia argumentar-se que João pretendia que a profecia fosse entendida literalmente; mas certas indicações no texto sugerem que a visão se refere à atividade missionária da Igreja toda. Diz-se que a besta fará guerra às duas testemunhas (7), uma frase curiosa em referência a dois indivíduos, mas aplica-se à Igreja em Ap 13.7; homens do mundo inteiro presenciam suas formas martirizadas e se regozijam na sua subjugação (9), um pensamento impossível, se estavam em mente dois indivíduos em Jerusalém; e as testemunhas são representadas por castiçais (4), uma figura aplicada à Igreja no cap. 1. A passagem, conseguintemente, ilustra o testemunho poderoso da Igreja na era sob revista, por meio de uma expectação judaica bem conhecida. O vers. 4 mostra por que há duas testemunhas, e não uma (Elias): João tem em mente a visão de Zacarias, das duas oliveiras, em pé de cada lado do castiçal de ouro (Zc 4). As duas oliveiras lá representavam talvez Josué e Zorobabel, o castiçal, Israel. João faz com que o castiçal se torne em dois para o conformar com as duas oliveiras e declara que, tanto as oliveiras como os castiçais, significam a mesma coisa, a Igreja na sua capacidade profética. O castiçal já se virou em sete para representar as sete igrejas (Ap 1.12; Ap 2.1); é uma fácil transição fazê-los tornar-se em dois para corresponder aos dois profetas, se bem que aqui a Igreja toda é tipificada pelos castiçais, não uma parte dela. Saco (3) é usado pelas testemunhas por causa do grave caráter de sua mensagem. O poder extraordinário da Igreja é exposto, nos vers. 5 e 6, em termos reminiscentes de Moisés e Elias. O fogo destruidor recorda 2Rs 1.10; a capacidade para impedir chuva, 1Rs 17.1; o transformar água em sangue e o ferir a terra com pragas, Êx 7. No vers. 7, nós temos a primeira menção da besta que sobe do abismo. Fala-se dela como se fosse bem conhecida, mas descrições mais completas dela ocorrem nos capítulos 13 e 17. Note-se a semelhança das palavras empregadas em Ap 13.7 para descrever a guerra da besta contra a Igreja.

>Ap-11.8

A grande cidade (8) significa o que Bunyan representava como "A Feira da Vaidade" (Kiddle). Através do resto do livro, a frase é usada para cidade prostituta, Roma (#Ap 16.19; #Ap 17.18; #Ap 18.10), de maneira que com um notável golpe da pena João identifica Jerusalém com Sodoma, Egito e Roma e, tudo junto, com o mundo que rejeitou e crucificou o Filho de Deus. Judeu e gentio unem-se em procurar esmagar o testemunho das fiéis testemunhas de Cristo, assim como eles procuravam destruir o próprio Senhor (9). A denegação de deixar o corpo insepulto significa a maior profundeza de ignomínia a que o homem podia ser sujeito; ver #Sl 79.3 e o livro de Tobias. A Igreja é esmagada pelos seus inimigos por três dias e meio (11), correspondendo aos anos de seu testemunho, "um breve triunfo, de fato, mas longo bastante para dar a idéia de ser completo e final" (Swete). À conclusão dos três dias e meio, o Espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles, e puseram-se sobre os seus pés. Esta é uma citação de Ez 37.10, que se referia ao avivamento espiritual da nação de Israel. Possivelmente, portanto, esta ressurreição deva ser tomada figuradamente, significando uma revivificação tão tremenda, a ponto de infundir terror ao mundo; mas pode descrever o arrebatamento dos santos (cfr. 1Ts 4.16-17) e assim ser equivalente à primeira ressurreição (Ap 20.4-6). Comparar o terremoto aqui (Ap 11.13) com o que se encontra em Ap 6.12. O número sete mil (13) indicaria adequadamente a décima parte da população de Jerusalém. Em fazer a cidade representar a cidade mundial da Feira da Vaidade, João não tinha necessidade de alterar o algarismo, pois sete mil podia ser interpretado para significar qualquer número considerável. Note-se que estes eventos evocaram alguma espécie de arrependimento da raça impenitente até agora.

>Ap-11.15

h) A sétima trombeta (Ap 11.15-19)

A sétima trombeta, como o sétimo selo, é seguida pelo advento do reino de Deus. Uma vez que o soar da sétima trombeta pretenda introduzir o terceiro ai (14), mas não se descreve nenhuma calamidade, evidente se torna que mais tarde devemos esperar mais elucidação quanto à matéria. Tal expansão provê-se em Ap 14.19-20 e cap. 18. Entrementes, grandes vozes proclamam, "Os reinos do mundo vieram a ser do nosso Senhor e do seu Cristo" (15), um reino conjunto que não deve conhecer fim; significa o reino milenário fundindo-se na bem-aventurança eterna da nova criação (20-22). O atributo costumeiro de Deus é abreviado de modo significante; jamais se diz que ele "há de vir", porque ele "tem vindo". Tomaste o teu grande poder e reinaste (17); o eterno reino tem começado ao se iniciar um novo exercício da soberania de Deus sobre o homem, uma soberania que em nenhum tempo da história tem sido abandonada, mas que, na sua sabedoria, tem sido voluntariamente limitada. O cântico de ação de graças (17-18) marca um ordenado progresso de pensamento que mais tarde se observa no livro: Deus tem começado o seu reino eterno, isto é, o reino milenário (Ap 20.4-6); as nações se enraiveceram, levantando-se em rebelião (Ap 20.8-9); a ira de Deus se manifestou em juízo (Ap 20.9); os mortos foram julgados (Ap 20.10-15); os santos galardoados na cidade de Deus (Ap 21) e os pecadores destruídos no lago de fogo (Ap 20.15-21.8).

>Ap-11.19

O templo no céu se abre para revelar a arca do concerto (19). A manifestação aos homens da arca neste ponto sugere que o alvo do concerto, que é a promessa do reino, está agora no ato de se cumprir. Relâmpagos, terremoto e saraiva etc., testificam que tem chegado a consumação (cfr. Ap 8.5, 16.17-21)


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