Julgamento dos líderes judeus (1-13):
11.1-13 Nesse trecho, os líderes políticos e religiosos, que deveriam ter sido um exemplo de retidão para a comunidade, tanto em seus lares como no trabalho, recebem uma profecia de que morreriam pela espada.
11.1, 2 Ezequiel viu vinte e cinco líderes do povo no templo. Os príncipes do povo representavam os oficiais que geralmente serviam em cargos judiciais, militares e reais (2 Sm 8,15-18; 20.23-26). Jazanias, filho de Azur, não é o mesmo Jazanias citado em Ezequiel 8.11 (filho de Safã). Esses 25 homens estavam oferecendo ímpio conselho, e chegaram ao ponto de agir com perversidade contra seu próprio povo. Pelo fato de tentarem combinar as religiões pagãs com a religião dos hebreus [sincretismo religioso], esses líderes enganaram a si próprios e ao seu rebanho, levando-os a pensar que falavam em nome do Deus verdadeiro. Para saber sobre Pelatias, que significa aquele que foi libertado pelo Senhor, veja o comentário sobre o versículo 13.
11.3 Não está próximo o tempo de edificar casas? Os oficiais declararam que os habitantes de Jerusalém estavam perfeitamente seguros por trás dos muros da cidade, assim como julgavam que a carne estava garantida nas panelas. Não havia nenhum perigo iminente, afirmavam eles; por isso, estimulavam a construção de novas casas.
11.4 Profetiza [...] profetiza. A repetição serve para dar ênfase, uma técnica literária comum no idioma hebraico. Filho do homem aqui significa o profeta. Essa expressão aparece 93 vezes em Ezequiel e enfatiza a humanidade do profeta em sua função de porta-voz de Deus. No Antigo Testamento, essa expressão também é utilizada para Daniel (Dn 8.17) e para o Messias (Dn 7.13). No Novo Testamento, a expressão Filho do Homem é mencionada muitas vezes por Jesus quando Ele se refere a si mesmo.
11.5-12 A mensagem de Deus aos oficiais corruptos de Jerusalém e Judá é declarada, destacando as justificativas para a ira divina (v. 5,6,12) e predizendo um julgamento de morte (v. 7-11).
11.6 Os líderes de Jerusalém tinham sido acusados de atividades malignas e de dar conselhos ímpios (v. 2); nesse trecho, descobrimos que eles haviam assassinado alguns de seus conterrâneos.
11.7-12 O veredicto de pena de morte é anunciado. Ao contrário da falsa crença dos líderes, aqueles que eles haviam matado [literal ou espiritualmente] eram pessoas justas, cuja presença poderia oferecer proteção à panela — ou seja, a Jerusalém. Aqueles que obtiveram o poder por meio da espada, conhecendo a sensação terrível causada por tal violência, seriam derrotados e morreriam da mesma maneira. Seriam arrastados para fora da cidade e mortos por estranhos; uma referência aos babilônios.
11.13 A reação de Ezequiel demonstrava que Pelatias, um dos líderes corruptos da cidade (v. 1), foi morto por Deus como prova inegável de que a mensagem do profeta se cumpriria. O próprio Ezequiel ficou surpreso e perguntou se isso significava que o Senhor não preservaria um remanescente (Ez 9.8).
Esperança no exílio (v.14-21):
11.14-25 Nesse trecho, Deus responde à preocupação de Ezequiel de não haver um remanescente justo. O Senhor assegura ao profeta que alguns cidadãos estavam sendo preservados, sua descendência retornaria a Israel e receberia um novo derramamento do Espírito de Deus (v. 14- 21). Quando o Espírito do Senhor deixa Jerusalém (v. 22, 23), a visão de Ezequiel finda, e ele está de volta à Babilônia, onde ele conta aos exilados o que aconteceu (v. 24,25).
11.14-21 Deus fez promessas ao remanescente de Israel com menções sobre o presente (Ez 11.14-16) e o futuro (Ez 11.17-20).
11.15 Teus irmãos, os teus próprios irmãos, os homens de teu parentesco. Os irmãos de Ezequiel eram os judeus exilados com ele. O povo em Jerusalém (representando Judá) considerava exilados os pecadores, porque estes haviam sido deportados para a Babilônia.
11.16 Deus explica a Ezequiel que os que foram levados cativos e dispersados em terras estrangeiras na verdade eram o remanescente que o Senhor estava protegendo. O próprio Deus continuaria sendo seu santuário — uma palavra que no hebraico significa literalmente lugar santo ou lugar separado.
11.17 E vos darei a terra. Deus prometeu que os israelitas seriam restaurados e voltariam à Terra Prometida. Isso está de acordo com a natureza unilateral e incondicional da aliança feita com Abraão (Gn 12.1-3), e renovada com Davi (2 Sm 7.12-16) e com Jeremias (Jr 31.31-34).
11.18-20 Quando o remanescente retornasse à sua terra, aboliria a idolatria. Naquela época, Deus estabeleceria uma nova aliança com Seu povo (Jr 31.31-34). Então o Senhor derramaria Seu Espírito (Ez 36.26, 27; J1 2.28, 29) para que Seu povo se tornasse unido em um propósito e fosse capacitado a caminhar com Deus em retidão — andar nos meus estatutos. Por fim, os israelitas se tomariam realmente povo de Deus (Êx 6.6-8).
A glória do Senhor deixa Jerusalém (v.22-25):
11.21 Como aconteceu com Pelatias, Deus prometeu continuar julgando os idólatras, cujas afeições estavam voltadas para objetos detestáveis — ou seja, ídolos. Tal destino era plenamente merecido, porque tais idólatras haviam recebido muitas advertências; eram responsáveis individualmente por suas escolhas. Desde a revelação da Lei em no monte Sinai, o Senhor havia declarado expressamente Sua rejeição e proibição à idolatria (Êx 20.1-6). Louvor e adoração pertencem apenas a Deus, o Criador e Redentor do Seu povo.
11.22, 23 A glória de Deus continuava afastando-se da cidade para o monte das Oliveiras, o monte. Veja Ezequiel 10.3,4,18,19.0 termo hebraico para glória significa literalmente peso ou importância, e refere-se à maravilha e à majestade do Deus vivo.
11.24, 25 O Espírito. As visões de Ezequiel não eram meros sonhos; eram inspiradas pelo próprio Deus e, portanto, proféticas. O termo caldeia é relativo à Babilônia. E falei. Provavelmente o ato de Ezequiel proclamar várias vezes suas visões (Ez 8.2— 11.23) levou ao registro permanente das mensagens em seu livro.
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