Pesquisar este blog

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A Igreja no Iêmen


Em um dos países menos evangelizados no mundo, os cidadãos não podem mudar de religião. Os que se convertem ao cristianismo enfrentam oposição e possível pena de morte

A Igreja e a Perseguição Religiosa

A Igreja

O cristianismo se estabeleceu na região enquanto o Iêmen estava sob o domínio do Império Romano, por volta do século IV.

O principal centro do cristianismo na Arábia foi o Iêmen. Há uma tradição que diz que, durante o reinado de Yazdegerd I (399-420) na Pérsia, um mercador chamado Hayyan, do Iêmen do reino Himyarites, foi para Constantinopla. Em seu retorno, ele parou no reino árabe afluente do Hirta, na fronteira leste do Eufrates persa. Lá, ele frequentou a companhia dos cristãos nestorianos e foi convertido à fé cristã. Em seu retorno ao Iêmen, anunciou o Evangelho no Iêmen, assim como nas localidades vizinhas.

Na cidade de Aden, um porto ao sul do país, existem três igrejas católicas romanas e uma anglicana. Há pouquíssimos iemenitas convertidos, que ainda não estão organizados em uma igreja regular. Muitos deles chegaram ao conhecimento de Jesus Cristo por meio de transmissões radiofônicas e mantêm suas identidades religiosas em sigilo, pois temem o que pode lhes acontecer, se forem descobertos.

Missionários e ONGs cristãs afiliadas a grupos de ajuda operam no país, mas a maioria restringe suas atividades às áreas médica, social e educacional.

*Adeptos do Nestorianismo. O Nestorianismo é uma doutrina de estudos cristológicos que analisa, sobretudo, a natureza divina de Cristo, fazendo separação entre o Cristo homem e o Cristo Deus, sem, contudo, negar ambas. O criador dessa doutrina foi o monge Nestório de Alexandria (380-451 d.C.), que se tornara Patriarca de Constantinopla em 428 d.C. Nestório foi considerado herege pelo Concílio de Éfeso (431 d.C) por afirmar que Maria não era a mãe de Deus, mas apenas de Jesus.

A Perseguição

As primeiras perseguições aos cristãos do Iêmen teriam partido dos judeus que já estavam no país, quando o cristianismo chegou lá. O rei Yazdegerd I a princípio apoiava o cristianismo, mas devido a uma revolta religiosa na região, quando um bispo católico tentou incendiar um templo zoroastra, viu-se forçado pelos magos zoroastras a perseguir e matar os cristãos. Muitos cristãos foram mortos e expulsos do reino.

Os cristãos sofreriam mais tarde, no século VII, com o advento do islamismo, que expulsou muitos do país. No final da década de 1960, os cristãos sofreram com o comunismo, que dominou a região sul (Iêmen do Sul), destruindo e confiscando igrejas.

Em 1994 estourou uma guerra civil no país, principalmente na região sul, onde igrejas foram queimadas ou seriamente danificadas. Após esse conflito, um grupo radical islâmico, Al Islah, pressionou o governo para a aprovação de uma constituição baseada na sharia.

A Constituição declara que o islamismo é a religião do Estado e que a Sharia (lei islâmica) é a fonte de toda a legislação. Muçulmanos e seguidores de outros grupos religiosos que não sejam o Islã são livres para adorar de acordo com suas crenças, no entanto o governo proíbe o proselitismo e a conversão de muçulmanos a outras religiões.

O emprego da sharia é mais comum na região norte do país, onde os muçulmanos são mais conservadores. A perseguição contra os muçulmanos que abandonam o islamismo é perpetrada principalmente pela família e pela sociedade.

História e Política

O Iêmen localiza-se na Península Arábica e faz fronteira com a Arábia Saudita ao norte e com Omã ao oeste. O país situa-se sobre uma importante cadeia de montanhas, que separa uma pequena faixa litorânea dos desertos ao norte e no interior da Península Arábica. O relevo é caracterizado pela presença de inúmeros vales, onde se pode cultivar uma grande variedade de produtos agrícolas. Seu nome vem do árabe, al-Yaman, que significa lugar ao sul, indicando sua posição geográfica em relação à Arábia Saudita. Na antiguidade foi chamada por gregos e romanos de “Arábia Feliz”, em referência às suas vastas riquezas naturais.

Entre o século VIII a.C. e o VI d.C., o Iêmen foi dominado por seis estados  rivais entre si; podiam também se aliar, para controlar o lucrativo comércio de especiarias. Esses impérios eram: Saba, Ma'in, Qataban, Hadhramaut, Awsan e Himyar. No século VI d.C. foi dominado pelos persas sassânidas e, no século VII, pelos árabes muçulmanos: eles chegaram ao país em 630 d.C., islamizaram-no e fizeram do Iêmen parte do reino muçulmano da Arábia.

No século XIX o país foi dominado e dividido entre britânicos e turco-otomanos, após a abertura do Canal de Suez em 1870. Devido à sua posição estratégica, o Iêmen passou a ter ainda mais importância para o Império Britânico, que, através do porto do Aden, pôde fiscalizar com mais assiduidade seu comércio marítimo e a movimentação turca na região. Em 1967 o Iêmen se tornou independente do jugo imperialista britânico, quando a Frente de Libertação Nacional dominou o porto de Aden, criando a República Popular do Iêmen (Iêmen do Sul), de cunho socialista.

O norte do país ficou conhecido como República Árabe do Iêmen ou Iêmen do Norte. Após sucessivas guerras civis entre o norte e o sul do país, e depois da queda do comunismo no início da década de 1990, promulgou-se uma nova constituição, agora para a unificação, que ocorreu em 22 de maio de 1990. O país passou, então, a se chamar República do Iêmen e é chefiado pelo presidente Ali Abdullah Saleh.

No início de 2011, houve revoltas e manifestações pró e contra Ali Abdullah Saleh, que governa a 32 anos, considerando-se o período em que foi presidente do Iêmen do Norte e pós-unificação.

População

Os iemenitas, na maioria, são agricultores, pescadores ou artesãos que fornecem produtos aos varejistas das áreas urbanas. Os setores de serviços, construção civil, indústria e comércio ocupam menos de um quarto da força de trabalho. O desemprego é alto no país: 35% da população estão desempregadas.

No Iêmen, é comum o cultivo do khat. Quando suas folhas são mastigadas ou utilizadas em chás, produzem um efeito alucinógeno. Diz-se que é o vício em khat que paralisa a população iemenita, mergulhada em miséria e pobreza.

O Iêmen é o mais pobre dos países árabes: 45% da população vive abaixo da linha nacional de pobreza. Há, porém, uma pequena elite, formada por pessoas extremamente ricas. O governo, dominado pela elite econômica, é repleto de heróis de guerra. O serviço militar é obrigatório no país e as bases militares estão espalhadas pelo campo.

**A planta chamada de khat recebeu inúmeros nomes, como qat e ghat no Iêmen, qaat e jaad na Somália, chat na Etiópia e miraa no Quênia e na Tanzânia. O khat vem sendo cultivado para o uso como estimulante por séculos no Chifre da África e na península Arábica. Lá, o hábito de mascar o khat é mais antigo que o hábito do café, sendo utilizado num contexto social similar. Suas folhas frescas são mascadas ou, mais raramente, secas e consumidas na forma de um chá, para atingir um estado de euforia e estímulo.

Economia

O Iêmen é muito dependente das suas reservas de petróleo, que correspondem a cerca de 25% do PIB do país. A agricultura é muito favorecida pelas constantes chuvas. Devido ao declínio das jazidas de petróleo, o governo tem procurado diversificar a economia através de um programa de reformas,  iniciado em 2006, para os setores não petrolíferos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário