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terça-feira, 7 de março de 2023

Ezequiel 14

 



1 - 7 Convite ao Arrependimento 


14.1-3 Deus revelou a Ezequiel que o grupo de anciãos de Israel era composto de pessoas de coração dividido (1 Rs 18.21; Mt 6.24; Tg 1.5-8). Aparentemente, eles buscavam a mensagem divina por intermédio do profeta Ezequiel, mas, em seu íntimo, desejava adorar outros deuses. Devo eu ser interrogado por eles? Deus conhece a mente e o coração de todos (Sl 139.1-6), e faz uma pergunta retórica a Ezequiel, questionando se Ele deveria oferecer direcionamento por meio de revelações a tais religiosos hipócritas (v. 4,5).


14.1 Em pelo menos um aspecto, o exílio na Babilônia tornou-se uma bênção o povo judeu por estimular um novo tipo de judaísmo, o transcultural, mais versátil e mais receptivo, diferente do que o que vinha sendo professado em Judá. Um dos principais fatores para esse desenvolvimento foi a criação das sinagogas [centros de estudo do judaísmo, muito parecido com nossas igrejas hoje]. Em Judá, os israelitas viam o templo de Jerusalém como o centro de sua vida cultural e religiosa. Entretanto, com a destruição daquele edifício em 587 a.C., foi necessário estipular um novo local para os mestres da Torá ensinarem as Escrituras ao povo, preservando assim a identidade cultural e religiosa judaica. Como a ideia de construir um templo na Babilônia não era viável, os cativos começaram a reunir-se em assembleias locais para adorar, estudar as Escrituras e debater questões políticas. Provavelmente, foram os líderes de um ou mais desses grupos que se reuniram com Ezequiel. Em pouco tempo, esses grupos, conhecidos como sinagogas, o termo grego para reunião ou assembleia, assumiram a responsabilidade formal ao receberem autoridade das comunidades judaicas no exílio.


14.2-4 Responderei conforme a multidão dos seus ídolos. Deus responde aos hipócritas permitindo que eles experimentem as consequências da descrença e da desobediência deles. A idolatria consistia não apenas num erro teológico de adorar outros deuses, mas trazia também a imoralidade, o resultado natural de as pessoas se afastarem do Deus vivo. O Senhor nunca causa o mal (Sl 5.4), mas permite o sofrimento que o mal traz ao mundo (Jó 1; Rm 6.23). Por esse processo, aqueles que não se arrependem são punidos, os pecadores são estimulados a arrependerem-se (v. 5), e os justos são purificados (Tg 1.2-4).


14.5 Apanhar a casa de Israel no seu coração. Essas palavras declaram o propósito de Deus de restaurar o povo (Pv 3.12; Ap 3.19), ao permitir que o pecado produzisse suas funestas consequências.


14.6, 7 Qualquer tipo de idolatria era condenado, quer fosse praticado por israelitas (membros do povo escolhido por Deus) ou por estrangeiros (gentios) que estivessem vivendo em Israel. Pessoas de qualquer cultura que recebessem revelações específicas a respeito de Deus eram consideradas responsáveis pela maneira como reagiam à verdade.


8 - 11 Palavra contra a idolatria 


14:8 Os idólatras que não se arrependessem seriam separados não apenas de Deus, mas também do povo de Deus (Ez 13.9). Essa experiência seria um sinal sobre como o Senhor honrou Sua promessa de punir a desobediência com maldições (Lv 20.1-7).


14.9-11 A ligação entre a soberania de Deus e a responsabilidade dos seres humanos está implícita nesses versículos. O Senhor permite que as revelações mentirosas, anunciadas pelos falsos profetas, tenham continuidade por propósitos que apenas Ele conhece, mas o pseudo profeta terá de prestar contas pelo conteúdo de suas mensagens. Esses falsos profetas israelitas deliberadamente ignoravam a verdade e misturavam-na com falsidades. Sua punição seria a mesma do que perguntava (os anciãos). Entretanto, caso se convertessem, estariam sujeitos ao plano redentor divino (v. 5).


12 - 20 Noé, Daniel e Jó


14.12-20 A infidelidade de Jerusalém era tão ofensiva a Deus que a presença de gigantes espirituais [como Noé, Jó e Daniel em Jerusalém] não poderia impedir o juízo divino sobre a cidade, que acarretaria a morte de muitos judeus pela fome, pelo ataque de animais selvagens, pelas invasões militares (espada) ou por doenças (peste). Noé, Daniel e Jó. Compare-se com Jeremias 15.1, onde os nomes de Moisés e Samuel são invocados de maneira semelhante. Nessa lista, a citação do nome de Daniel parece estranha, pois este não era um patriarca, como Noé e Jó, e sim um contemporâneo de Ezequiel, que estava entre os primeiros líderes israelitas deportados para a Babilônia (Dn 1), um reino cujos grandes feitos ainda estavam para ser manifestos.


A grafia do nome de Daniel, em hebraico, no livro de Ezequiel é Dan-El, em vez de Daniel, levantando dúvidas se o profeta estaria referindo-se a outro indivíduo. Isso porque existem alguns relatos preservados sobre um herói da Antiguidade chamado Dan-El, porém este era um adorador de Baal; logo não poderia ser considerado um justo, de acordo com os padrões divinos, ressaltados por Ezequiel. É possível que os primeiros ouvintes da mensagem de Ezequiel estivessem familiarizados com outro temente a Deus que desconhecemos [ou se trate do mesmo Daniel que escreveu o texto que recebeu seu nome e compõe o AT].


21 - 23 Os quatro juízos


14.21 Esses juízos, embora proclamados hipoteticamente até o momento, realmente sobreviveram a Jerusalém (Lv 26.22-26).


14.22, 23 Alguns seriam levados para fora. Quando os exilados observassem o seu caminho e os seus feitos — ou seja, suas atitudes malignas, seriam relembrados a respeito da justiça e da graça de Deus. Esse é um modo notável para se falar do remanescente. Originalmente, o conceito dizia respeito aos justos. Aqui é usado como uma amostra do povo ímpio, cujos atos justificavam as ações de Deus em Seu julgamento soberano: não fiz sem razão tudo quanto tenho feito nela.


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