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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A BASE DO LOUVOR

SALMO 9


A palavra Muth-labben, no título, é habitualmente traduzida por "morte do filho", mas isto é incongruente com a nota de louvor do cântico. Pode ter sido o título de um cântico mas uma alteração ligeira do hebraico alteraria o significado para "morte do campeão". Se, como o Dr. Thirtle tem sugerido, a parte musical dos títulos dos salmos pertencia originalmente ao fim do Salmo precedente (como em Hc 3.19), então o título musical do Sl 9 pertence ao Sl 8, que podia, nesse caso, considerar-se como celebrando a morte do campeão Golias, morto por alguém que ele desprezaria como "um bebê de mama" (Sl 8.2; cfr. 1Sm 17.33,42).

O Salmo tem uma estrutura acróstica imperfeita e é o primeiro de nove poemas alfabéticos no Saltério. Inclui três partes principais e cada subdivisão desenvolve o pensamento final da seção anterior.

a) A exultação pessoal em Deus (1-10)

Nos vers. 1-2 declara-se que esta exultação tem raízes profundas e é resultante de uma impressionante intervenção de Deus. Todas as tuas obras maravilhosas. Cfr. Sl 98.1; Sl 105.5.

>Sl-9.3

A causa histórica desta elevação e desta ação de graças é, em primeiro lugar, a vitória na batalha (3-4) por meio da qual Deus vindicou o reinado de Davi. Demonstrou-se que a verdade e a justiça têm estado com a causa de Davi. Em segundo lugar, ele regozija-se com a destruição dos seus inimigos (5-6) que deixaram de existir como inimigos perigosos. Consumaram-se as assolações (6). Comparar com o fim dos Amalequitas (Nm 24.20).

>Sl-9.7

A causa religiosa da sua alegria e do seu louvor é, primeiramente, a perpetuidade do justo governo de Deus (7-8); os temas do ser inexaurível de Deus e justiça essencial são usados para unir a esfera da Sua entronização celestial em poder e a Sua administração terrena caracterizada por uma vigilância incessante. Povos (8). Em segundo lugar, ele louva a Deus pela infalibilidade do Seu cuidado gracioso (9-10); todos os homens que reconhecem o Senhor e Lhe obedecem (os que conhecem o Teu nome) podem descansar inteiramente no Seu cuidado protetor mesmo quando se encontram fatigados e oprimidos.

>Sl-9.11

b) Exultação coletiva em Deus (11-16)

As bases históricas do louvor do salmista são particularmente suas, mas os fundamentos religiosos não podem reconhecer tais restrições, pelo que todos os homens, em toda a parte (povos-vers. 8) são chamados a louvar Deus (11-12, cfr. Sl 96.3,7-10). Um tal reconhecimento coletivo da soberania de Deus não podia ser evocado do mesmo modo que o do salmista, mas podia ser induzido pela compreensão, por parte dos homens, de que não há escape possível dos olhos de Deus (cfr. Sl 33.13-15). Todo o derramamento de sangue causado por motivos humanos é repugnante a Deus (Gn 9.5; cfr. Lc 9.50-51; #Ap 6.10) e deve esperar-se a Sua intervenção.

>Sl-9.13

Os vers. 13-14 são um típico clamor dos aflitos (12) que Deus ouve e sobre o qual atua. O perigo lançou-o para as portas da morte, isto é, mesmo para o termo da existência (cfr. Sl 107.18-19); mas a sua esperança em Deus é que lhe será concedido voltar de novo às portas de Jerusalém onde testemunhará da libertação divina. Os vers. 15-16 são uma afirmação da própria fé do salmista, o comentário de um homem piedoso a respeito da situação desgraçada dos ímpios, quer atual quer antecipada, habitualmente considerada como sendo a operação da "retribuição natural" (cfr. Sl 7.15-16). Este é um aspecto da ironia divina em que é inexoravelmente manifestada a justiça essencial de Deus. (cfr. Gl 6.7-8; 2Co 5.10).

Isto é um pensamento tão solene que uma pausa (Selah) vem indicada, durante a qual deveria tocar-se uma música de caráter meditativo como Higgaion. Esta palavra é traduzida no Sl 92.3 como "com som solene".

>Sl-9.17

c) Sensatas reflexões (17-20)

Os homens que perversamente ignoram Deus ou se rebelam contra os princípios da piedade devem, seguramente, morrer. Serão lançados no inferno (17), isto é, Seol, o lugar dos mortos. Ver Gn 3.19. Por outro lado, o necessitado e os pobres (18) são, de um modo igualmente seguro, o objeto do cuidado especial de Deus. Note-se o contraste entre os vers. 5 e 6. A referência freqüente no Saltério aos "pobres e necessitados" não implica necessariamente uma destituição material. A frase é aplicada a todos os que têm sido reduzidos a uma dependência extrema de Deus (cfr. Mt 5.3).

Como para compensar a atividade dos que praticam o mal, há sempre uma possibilidade da intervenção de Deus. A marcada confiança no Senhor, que caracterizou os primeiros versículos, é agora orientada para uma petição (19-20) no sentido de que Ele defenda o Seu poder, julgue os povos da terra (cfr. Sl 7.6-9) e assim infunda terror aos arrogantes por uma demonstração da Sua majestade para que todo o homem tenha de confessar a sua própria fraqueza humana e a sua natureza efêmera (cfr. Tg 4.14). O Homem (19). Heb. enosh ver Sl 8.4 n. Medo (20). Esta palavra é usada aqui no sentido de "terror", como em Dt 26.8; Dt 34.12. 

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