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domingo, 19 de agosto de 2012

O HOMEM, UM PARADOXO

Salmo 8

Este poema, não se assemelhando aos salmos imediatamente precedentes e seguintes, de caráter suplicatório, é meditativo e filosófico e apresenta a fragrância lírica dos primeiros anos de Davi. Sobre Gittith (ver o título) pode significar um tom associado com o trabalho no lagar de vinho, ou pode referir-se a um instrumento ou melodia de Gate.

A primeira e as últimas frases são idênticas e constituem a estrutura de idéias profundas acerca do ser essencial de Deus e do Seu trabalho na terra.

a) A majestade universal de Deus (1-2)

Ó Senhor, Senhor nosso (1). Literalmente, "Ó Javeh, nosso Senhor". Davi fala em nome do povo de Javeh, e também em nome de toda a humanidade. A excelência, ou majestade, do Seu nome (isto é, a Sua natureza maravilhosa) expressa-se em e através dos Seus trabalhos em toda a terra. Sobre os céus. Isto sugere que o brilho e a estabilidade do universo expressem o poder e o esplendor de Deus. A glória de Deus é também revelada aos homens mesmo em aspectos tão antitéticos (aspectos de certo modo opostos, Mt 21.16) como a infância e o julgamento corretivo. Suscitaste força (2), isto é, "estabeleceste força". Vingativo, isto é, alguém que procura vingar-se a si mesmo.

Além disso, a glória de Deus é revelada no fenômeno da justiça. Quando os homens procuram, por si mesmos, retificar as más ações do seu próximo, porque duvidam da existência de Deus ou negam os Seus atributos de justiça, estão, eles próprios, a testificar da existência da justiça, que, como a linguagem, é uma evidência do glorioso ser que é Deus (Na 1.2-3).

>Sl-8.3

b) Os insondáveis caminhos de Deus (3-8)

Neste Salmo desenvolve-se um sentido paradoxal e o mesmo está agora elaborado em relação à existência do homem. A meditação sobre o trabalho variado da criação nos céus (Jó 36.22-37.12) e nos corpos celestes (Sl 19.1-6; Jó 9.7-10; Jó 38.31-33) suscita a convicção a respeito da fragilidade e da insignificância do homem. Homem... filho do homem (4). As palavras hebraicas denotam a origem humilde, baixa, do homem e a fragilidade humana. O visites (4); isto é, "graciosamente o busques". Porque haveria Deus de lembrar-se de qualquer homem e, realmente, nunca o deixar só (Sl 144.3; também Sl 33.13-19; Êx 3.15-16)? A razão e a observação não podem oferecer qualquer resposta a esta pergunta. Apenas pode encontrar-se mediante a revelação divina, que revela um conceito do homem que parece completamente incompatível com as próprias inferências do homem. Jó 7.17. Sabemos que o que foi revelado ao salmista foi autenticado em Cristo.

A meditação sobre o propósito essencial da criação, como revelada desde a antiguidade, evidencia uma particularidade tripla que eleva o homem do desprezível a uma posição de espantosa eminência. Ele foi criado por Deus como "um pouco menor do que os anjos" (Almeida) ou "menor do que Deus" (SBB) (5). O hebraico é ’ elohim. Esta imagem divina transmitida ao homem é acompanhada por certos atributos, glória e honra, que torna o homem superior a todas as outras criaturas. Além disso, o mundo e a sua forma de vida têm sido postos sob a autoridade do homem.

Esta consciência de uma chamada e de um destino elevados evocam no salmista a frase de louvor final e exuberante do verso 9.

Deve notar-se que o Novo Testamento amplia este Salmo e interpreta-o também cristologicamente. Hb 2.5-9 cita primeiramente a versão dos Setenta (em que ’ elohim é traduzido angelous) e depois baseia o seu argumento sobre uma exegese completa e literal do verso 6. A declaração tudo puseste debaixo de seus pés é tomada como referindo-se profeticamente a Jesus. 1Co 15.27 interpreta este mesmo versículo, acerca de Cristo, de um modo análogo.


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