Já ganhaste uma alma para Cristo? Já
experimentaste? Conheces alguém atualmente na glória, com Cristo, levado por ti
a Ele? Ou conheces alguém que está no caminho para o céu, porque o informaste
do Salvador?
Se fossem desvendados os teus olhos,
neste momento, para contemplar a eternidade, e se te fosse revelado que tens de
passar para lá, neste ano não desejarias depositar aos pés do Salvador algum
presente como prova de teu amor? Pode haver um presente tão precioso ou
aceitável ao Mestre, como uma alma ganha para Ele, durante um ano?
As palavras dos maiores, na história
da Igreja de Cristo, revelam como o coração os abrasava com este desejo; vamos
citar algumas expressões:
Knox, assim rogava a Deus: “Dá-me a
Escócia ou eu morro!”
Whitefield, implorava: “Se não
queres dar-me almas, retira a minha!”
Diz-se de Aleine: “Era
insaciavelmente desejoso de conversão de almas, e para este fim derramava seu
coração em oração e pregação”
João Bunyan, disse: “Na pregação não
podia contentar-me sem ver o fruto do meu trabalho”.
Assim dizia Mateus Henry: “Sinto
maior gozo em ganhar uma alma para Cristo, do que em ganhar montanhas de ouro e
prata, para mim mesmo”.
D. L. Moody: “Usa-me, então, meu
Salvador, para qualquer alvo e em qualquer maneira que precisares. Aqui está
meu pobre coração, uma vasilha vazia, enche-me com a Tua graça”.
Henrique Martyn, ajoelhado na praia
da Índia, onde fora como missionário, dizia: “Aqui quero ser inteiramente gasto
por Deus”.
João Hunt, missionário entre os
antropófagos, nas ilhas de Fidji, no leito de morte, orava: “Senhor, salva
Fidji, salva Fidji, salva este povo. Ó Senhor, tem misericórdia de Fidji, salva
Fidji!”
João McKenzie, ajoelhado à beira do
Lossie, clamava: “Ó Senhor, manda-me para o lugar mais escuro da terra!”
Praying Hyde, missionário na Índia,
suplicava: “Ó Deus, dá-me almas ou morrerei!”
Quando aqueles que assistiam a morte
de Davi Stoner, pensavam que seu espírito já tivesse voado, ele se levantou na
cama, e clamou: “Ó Senhor, salva pecadores! Salva-os as centenas e salva-os aos
milhares!”, e findou a sua obra na terra. O desejo ardente da sua vida,
dominava-o até a morte.
Davi Brainerd falava: “Eis-me aqui,
Senhor. Envia-me a mim! Envia-me até os confins da terra: envia-me aos bárbaros
habitantes das selvas; envia-me para longe de tudo que tem o nome de conforto,
na terra; envia-me mesmo para a morte, se for no Teu serviço e para o progresso
do Teu reino”.
Ele escreveu: “Lutei pela colheita
de almas, multidões de pobres almas. Lutei para ganhar cada alma, e isto em
muitos lugares. Sentia tanta agonia, desde o nascer do sol até anoitecer, que
ficava molhado de suor por todo o corpo. Mas, oh! Meu querido Senhor suou
sangue pelas pobres almas. Com grande ânsia eu desejava ter mais compaixão”.
Brainerd podia dizer de si: “Não me
importava o lugar ou a maneira que tivesse de morar, nem por qual sofrimento
tivesse de passar, contanto que pudesse ganhar almas para Cristo. Quando
dormia, sonhava com essas coisas, e ao acordar, a primeira coisa em que me
ocupava essa era grande obra; não tinha outro desejo a não ser a conversão dos
perdidos”.
Encontrava-se João Welsh, nas noites mais frias prostrado no
chão, chorando e lutando com o Senhor, por seu povo. Quando sua esposa
implorava que explicasse a razão de sua ânsia, respondia: “Tenho que dar conta
de três mil almas e não sei como estão”.
O profeta Jeremias: “Se eu disser: Não farei menção dele, nem
falarei mais em Seu nome, há no meu coração como fogo ardente, encerrado nos
meus ossos, e estou cansado de sofrer, e não posso conter-me”. (Jer 20.9)
O apóstolo Paulo: “Tornei-me tudo para todos, para de todo e
qualquer modo salvar alguns”. (1 Cor 9.22)
O sentimento do Filho de Deus: “Cristo Jesus veio ao mundo para
salvar os pecadores”. (2 Tim 1.15)
O desejo do Pai celestial: “Pois assim amou Deus ao mundo,
que deu Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas
tenha a vida eterna”. (João 3.16)
D. L. Moody conta o seguinte, explicando como Deus o dirigiu
a deixar tudo para passar o resto da vida no serviço de ganhar almas: “Não
perdi a visão de Jesus Cristo, desde o primeiro dia que O encontrei, na loja em
Boston, onde era caixeiro. Porém durante alguns anos achava que não podia
trabalhar para Deus. Ninguém me pediu para que fizesse alguma coisa em favor do
Evangelho.
Quando fui a Chicago, aluguei cinco assentos na Igreja, e
saía e me esforçava para encher os bancos, com moços que encontrava nas ruas.
Não falava a estes acerca das suas almas; julgava eu que falar aos pecadores
era trabalho dos anciãos. Depois de algum tempo de assim trabalhar, abri uma
Escola Dominical, em outra parte da cidade. Para mim, a única coisa era ter o
maior número na Escola, e trabalhava com este alvo. Quando a assistência era de
menos de mil pessoas, eu ficava perturbado; e quando subia a mil e duzentas ou
a mil e quinhentas então me alegrava. Até então ninguém fora convertido; não
houvera colheita. Então, Deus me iluminou.
Havia na escola uma classe de moças que eram, sem dúvida, as
mais vaidosas que eu jamais encontrara. Num domingo o professor estava doente,
e eu ensinei a classe. Zombaram de mim na minha presença e eu fui tentado a
expulsá-las, para nunca mais voltarem. Durante a semana, o professor entrou na
loja onde eu trabalhava. Vi que ele estava pálido e muito doente. “Que tens?”
perguntei-lhe. – “Tive outra hemorragia nos pulmões. O médico diz que não posso
ficar em Lake Michigan, e vou para o Estado de Nova Iorque. Por mim, vou para
casa para morrer”. Ele parecia muito perturbado e quando perguntei a razão,
respondeu: “Ora, nunca dirigi uma moça da minha classe para Cristo. Acho que
realmente tenho feito mais mal do que bem, às moças”.
Nunca tinha ouvido alguém falar nisso, e fiquei meditando.
Depois de um pouco, eu disse: “Não achas bom ir dizer-lhes o
que sentes? Irei, também, numa carruagem, se queres ir”. Ele concordou e saímos
juntos. Foi uma das melhores viagens que jamais fiz na terra. Fomos à casa de
uma das moças e o professor falou pra ela acerca da alma. Então, não se ria
mais. Lágrimas apareceram-lhe nos olhos. O professor depois de explicar o
caminho da salvação, sugeriu que orássemos. Pediu que eu orasse. Em verdade,
nunca fizera tal coisa, nunca orara a Deus que convertesse a uma moça, e na mesma
ocasião, porém, oramos, e Deus respondeu à oração.
Fomos à casa das outras moças. Quando ele subia a escada,
faltava-lhe o fôlego, mas explicava às moças o propósito de nossa visita. E,
sem muita demora, ficaram quebrantadas e começaram a buscar salvação.
Quando ele não podia mais andar, levei-o de novo para sua
casa. No dia seguinte saímos outra vez. Passara-se dez dias, e chegou de novo à
loja, com o rosto brilhando. “Sr Moody”, disse ele, “a ultima já se entregou a
Cristo”. Como foi grande o nosso regozijo! Ele tinha de partir na noite do dia
seguinte; chamei sua classe para uma reunião de oração, e lá, Deus acendeu um
fogo na minha alma, que nunca mais se apagou. O maior alvo da minha vida era
ser comerciante próspero; se tivesse sabido que estava para perder este alvo, é
provável que não teria ido. Mas quantas vezes agradeço a Deus, depois daquele
culto!
O professor que estava para morrer, sentou-se no centro da
classe e falava-lhes, lendo o capitulo catorze de João. Experimentamos cantar o
hino: “Benditos laços são, os do fraterno amor”, e depois ajoelhamo-nos para
orar. Quando eu queria levantar-me da oração, uma das moças da classe começou a
orar por seu professor, já moribundo, outra orou e, depois outra; e antes de
nos levantarmos, a classe inteira tinha orado. Quando saímos, disse pra mim
mesmo: “Ó Deus, deixa-me morrer antes de perder a benção que recebi aqui, esta
noite!”
No dia seguinte, fui à estação despedir-me do professor.
Antes de sair o trem, chegaram, uma a uma, todas as moças da classe sem haver
qualquer combinação. Que culto! Experimentamos cantar, mas só podíamos chorar. A
última coisa que vimos do professor, na plataforma do último carro, com o dedo
apontado para cima, implorava que a classe o encontrasse no céu.
Eu não sabia o preço que tinha de pagar por causa desta
experiência. Não tinha mais habilidade para o comércio, tinha perdido o gosto
de negociar. Tinha provado algo de um outro mundo, e não queria mais ganhar
dinheiro. Durante alguns dias depois, tive a maior luta da minha vida. Devia
deixar o comércio e entregar-me inteiramente à Obra de Cristo, ou não? Nunca me
arrependi da minha escolha. Oh, a delícia de dirigir alguém das trevas, à luz
gloriosa do Evangelho!
Na primeira guerra mundial, um moço foi levado ao hospital,
sofrendo ferimentos em quase todo o corpo. Em grande agonia, suplicava à
enfermeira que lhe desse algo para dormir, para jamais acordar. Ela recusou e
ele começou a implorar ao médico: “Tenha compaixão de mim. Faça com que eu
durma. Por que devo viver? Estou completamente inutilizado. Não posso mais
servir à pátria nem ao próximo. Dê-me um alívio”. Quando o médico também
recusou, rogou que escrevessem ao rei, pedindo licença para que findassem com
seus sofrimentos. Para apaziguá-lo, o médico escreveu ao rei Jorge, contando o
caso do soldado valente que fora vencido pela dor. Chegou um telegrama para o
soldado: “Teu rei precisa de ti. (a) Jorge”. O soldado, logo corou ânimo e
ficou bom.
A mensagem direta para todo crente, é a mesma: “Teu Rei
precisa de ti, ara proclamar a mensagem a todas as criaturas”.
Fonte: BOYER, Orlando. ESFORÇA-TE PARA GANHAR ALMAS. Editora Vida. 1975.
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