A
eleição é: Pessoal e individual
A
escolha de Deus também é descrita biblicamente como sendo pessoal e
individual (Rom. 9:15). Quando dizemos que a natureza da escolha de
Deus é pessoal queremos entender que a eleição de Deus foi por pessoas
individualmente conhecidas por Ele antes da fundação do mundo (Efés. 1:4). A
eleição para salvação é para indivíduos e não pelas ações destes indivíduos.
Esse fato podemos entender pelos próprios pronomes usados concernente à
eleição. Pela Bíblia encontramos pessoas chamadas segundo o propósito de Deus
(Rom. 8:28). Essas mesmas pessoas, e não a suas ações, são dadas como sendo
dantes conhecidas e predestinadas por Deus (Rom. 8:29). Em Romanos 9:10-16
temos até o nome citado de um homem que Deus escolheu antes deste ter
nascido ou de fazer bem ou mal, mas, "para que o propósito de Deus, segundo
a eleição, ficasse firme". Falando de Israel, como uma nação, Deus
confortava o Seu povo firmando que Ele amava eles com um amor eterno.
Foi pelo amor eterno, e não por uma ação futura deste povo, que motivou Ele
"com benignidade" de os atrair (Jer 31:3). É pela ordenação de Deus
que os salvos chegam a crer (Atos 13:48) e não vice-versa, ou seja, não foram
ordenados à salvação por terem cridos. A ordenação divina foi primeira. A fé
salvadora veio depois e por causa da ordenação. Por isso podemos enfatizar que
os salvos são pessoalmente e individualmente conhecidos por Deus, em uma
maneira especial de todos que foram criados por Ele, antes da fundação do mundo
(Efés. 1:4; Tito 1:2). Paulo, em carta aos Tessalonicenses, diz que a eleição
pessoal e eterna é motivo dos salvos darem graças a Deus (II Tess 2:13,
"Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do
Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a
salvação ..."). Pela eleição pessoal e individual ser um motivo de
gratidão por alguns podemos entender que a eleição é pela graça, e, assim
sendo, não é, de maneira nenhuma, um direito dos pecadores nem uma obrigação na
parte de Deus.
Mesmo
que a eleição pessoal é estipulada pelas Escrituras Sagradas, ela pode parecer
estranha a nossa concepção das coisas pela nossa mente finita. Mesmo assim,
devemos crer nessa doutrina da mesma forma que Deus a explicou:
"compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem
eu tiver misericórdia" (Rom. 9:15). Se a aceitação dessa verdade necessita
uma fé maior em Deus, nisso Deus é agradado (Heb 11:6) e adorado como convém
(João 4:23, 24).
A eleição é: Particular e preferencial
A
escolha de Deus, por ser pessoal e individual, pode ser determinada também como
sendo particular e preferencial. Isso quer dizer que entre todos
os condenados, Deus, em amor, particularmente escolheu alguns para receber as
bênçãos da salvação. Podemos entender essa particularidade examinado alguns
casos de escolha que Deus fez e quais são relatados pela Bíblia nos dando uma
prova divina e segura que a eleição particular e preferencial é bíblica:
†
Antes do dilúvio, a maldade multiplicara ao ponto que toda a imaginação dos
pensamentos dos homens era só má continuamente. Todavia, um destes homens achou
graça nos olhos de Deus. Lembramo-nos que este homem não merecia este favor de
Deus, ou melhor, que ele era igual aos homens corruptos. Se este agraciado
merecia o favor que Deus mostrou, não séria mais graça na parte de Deus e sim
uma obrigação (Rom. 11:6). Mas, entre todos os corruptos, uma escolha
diferenciada foi feita para transformar este homem, Noé, e a sua família, em
vasos de benção (Gên. 6:5-8).
†
Entre os três filhos de Noé, o Sem foi escolhido para ser na linhagem de Cristo
(Gên. 9:26; Luc 3:36) e não o filho Jafé que era o mais velho. Porque esta
distinção foi feita?
†
Abraão foi escolhido em vez de Naor ou Harã para ser o pai das nações (Gên.
11:26-12:9). Será que Abraão merecia essa preferencia? Não, Abraão, junto com
os da sua família, servia outros deuses (Josué 24:2) fazendo ele tão abominável
quanto os demais. Todavia, uma distinção foi feita e foi Deus quem fez. Entre
todos os povos, entre quais ninguém merecia tal atenção de Deus, um teve a
preferencia de Deus (Deut. 7:6).
†
Jacó, o enganador, foi escolhido a conhecer o arrependimento em vez do seu
irmão Esaú que não era um enganador (Heb 12:16,17; Rom. 9:10-16). Se fosse nós
escolhendo, e especialmente se soubéssemos o futuro, não escolheríamos dar
benção nenhuma a um homem enganador quanto Jacó. Todavia, o Jacó foi escolhido
pela eleição, antes mesmo de ter nascido e feito bem ou mal (Sal 135:4).
†
Efraim foi colocado adiante de Manassés mesmo que não tinha direito (Gên.
48:17-20). Porque essa diferenciação foi feita?
†
José, o 11º filho, recebeu uma porção dupla na benção (Gên. 48:22). Porque não
foi o filho mais velho que recebera tal benção? Que foi uma preferência é
claro.
† O
patriarca Moisés (Êx. 2:1-10), o salmista Davi (I Sam 16:6-12), o desobediente
Jonas (Jonas 1:3) e outros também podiam ser citados como os com qual Deus fez
uma escolha particular e preferencial entre outros de igual caráter e situação
de vida.
† A
escolha preferencial poderia ser entendida até pela consideração dos que não
foram escolhidas desde a fundação do mundo "cujos nomes não estão escritos
no livro da vida desde a fundação do mundo" (Apoc 17:8).
† Há
uma razão, menos que a preferência ou discriminação de Deus, que causou o
Evangelho de Cristo de ir eventualmente para Europa em vez de ir para Ásia
(Atos 16:6-10)? Porventura os de Europa tinham naturalmente mais fé do que os
da Ásia?
†
Alguns dos anjos, de todos os que foram criados, foram elegidos para não cair
(I Tim 5:21; Judas 6). Porque essa discriminação?
†
Existe salvação para o homem pecador mas não para os anjos que caíram. O homem
é um ser menor do que os anjos (Heb 2:6,7), e sendo assim, logicamente teria
menos preferencia. Mas, é evidente que uma distinção foi feita soberanamente
entre todos os seres criados que pecaram e ela foi feita para o bem do homem.
Como
temos examinados pelos casos citados, essa distinção é puramente pela
determinação divina e não pelo valor que qualquer um dos escolhidos tinham, ou
teriam. Nenhum dos homens, naturalmente, tinha entendimento ou buscaram a Deus
primeiramente (Sal 14:2,3). A escolha particular de uns sobre outros, entre os
quais nenhum merecia uma discriminação favorável, revela que a eleição é
particular, preferencial e graciosa. Pode ser que seja difícil para a mente
humana entender por completo esse fato, mas a dificuldade para o homem o
entender não determina que o fato seja menos um característico de Deus ou uma
verdade menos revelada pela Palavra de Deus. Não seriamos os primeiros que
duvidaram da retidão dessa escolha de Deus (I Sam 16:6,7). Somente devemos ter
o cuidado de não julgar Deus de injustiça (Rom. 9:14). Finalmente, é necessário
que a lógica do homem submete-se à soberania de Deus e deixa ele fazer o que
Ele quer com o que é dEle (Mat. 20:15, 16).
Examinando
os exemplos das escolhas preferenciais pela Bíblia podemos entender melhor as
verdades sobre a causa da salvação anteriormente abordadas neste estudo.
Pela natureza da eleição originando-se principalmente de Deus percebemos o que
estudamos em primeiro lugar: Deus é a primeira causa da salvação. Pela natureza
da eleição, uma doutrina bíblica, sendo pessoal e individual, podemos ter uma
idéia clara da presciência de Deus pois a eleição é baseada em quem Ele
conhece e não nas ações do pecador. Pela natureza da eleição sendo
particular e preferencial podemos compreender a causa da salvação sendo pela
soberania de Deus pois ninguém merecia ser preferido à salvação.
A eleição é: Graciosa
A
natureza da eleição que Deus faz é também descrita biblicamente como sendo graciosa.
A definição da palavra graça em português é: 1. Favor dispensado ou recebido;
mercê, benefício, dádiva. 2. Benevolência, estima, boa vontade (Dicionário
Aurélio Eletrônico). Em grego, a palavra ‘graça’ significa: a influência divina
no coração e a sua evidência na vida (#5485, Strongs). Não é novidade que os
‘evangélicos’ crêem que a salvação é pela graça. Muitas pessoas que freqüentam
igrejas ‘evangélicas’ podem citar Efésios 2:8,9 que diz: "Porque pela
graça sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não
vem das obras, para que ninguém se glorie." Todavia, é novidade para
muitos que a própria eleição para a salvação, aquela ação de Deus que precede a
própria escolha do homem no processo de salvação, também é pela graça. Muitas
pensem que Deus foi influenciado na sua escolha por algo que o homem fez, faz
ou faria. A verdade é que a eleição para a salvação não é baseada em nenhuma
obra boa prevista do homem (pois no homem não habita bem algum, Rom. 7:18; Sal
14:1,2; Rom 3:23). A escolha de Deus do pecador para a salvação é somente pelo
favor desmerecido e imerecido de Deus. Deus olhou pelos séculos sobre todos os
condenados, e, em amor e graça, entre todos que não procuravam Ele, colocou a
sua influência divina em alguns (João 15:16; I João 4:19, "Nós O amamos a
Ele porque Ele nos amou primeiro.") Deus não viu nada naturalmente mais
atrativo ou bom nos que Ele escolheu do que nos que Ele não escolheu.
Verificando o testemunho dos salvos pela Bíblia, ninguém louva a sua própria
fé, sua decisão inicial para Cristo, sua oração eficaz, sua intenção espiritual
ou outra obra humana ou espiritual. O testemunho bíblico diz como Paulo,
"Mas pela graça sou o que sou" (I Cor 15:10). Se a eleição fosse
baseada na mínima ação que o homem fez, faz ou faria, a eleição não podia ser
determinada uma "eleição da graça" (Rom. 11:5) mas uma eleição
"segundo a dívida" (Rom. 4:4).
A eleição é: Justa
A
natureza da eleição que Deus faz é descrita biblicamente como sendo justa.
O apóstolo Paulo declarou, pela inspiração divina, que a eleição não é injusta
(Rom. 9:14). A eleição é entendida como sendo justa em que Deus não deve
nenhuma ação positiva ao homem nenhum. Uns querem dar o entender que Deus, no
mínimo, deve uma ‘chance’ para todos os homens. Todavia, quando considera a
condição terrível do homem pecador, uma ‘chance’ não é que o homem pecador
precisa. Ele precisa uma ação positiva, regeneradora e graciosa na parte de
Deus para ser salvo. Uma ‘chance’, sem a plena capacidade em conjunto, em nada
ajudaria os que são mortos em pecados. É pela eleição, sem nenhuma obrigação
pesando sobre Deus para que Ele escolhesse quem Ele quer influenciar com a Sua
operação regeneradora. Deus dá vida (não uma ‘chance’). A salvação vem pelos
meios divinos para com estes que Ele escolheu para que tenham a salvação. E
quem está reclamando disso (Rom. 9:19)? Deve ser considerado também que Deus
tem direito e não uma obrigação para com os homens. Deus é o Criador, o homem é
a criatura (Gên. 1:27; 2:7). Deus é tido como o oleiro e o homem como o barro
(Rom. 9:21-24). Se Deus usa o Seu direito de fazer o que Ele quer segundo o
beneplácito da sua boa vontade, e escolha alguns para conhecer as riquezas da
Sua gloria, entre todos que somente mereciam a Sua ira, quem podia achar injustiça
nisso?
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