SALMO 11
O tema da confiança serena em Deus, mesmo em presença do perigo, é o
mesmo que caracterizou o Sl 7 e é um tópico freqüente no Saltério (ver, por
exemplo, 23; 27; 34). Este poema reflete a atitude de Davi na ocasião em que
alguns amigos o aconselharam a fugir da inveja chocante de Saul mesmo antes da
terceira e mais séria tentativa contra a sua vida (ver Sm 18.11; 19.10). O
corpo do Salmo, isto é, os versos 1b-6, expressa dois pontos de vista
diferentes; a conclusão do Salmista é dada no verso 7 e a sua afirmação pessoal
de fé é feita no início (1a).
a) O aviso da prudência (1-3)
O conselho Fugi como pássaro... que pode fazer o justo? Pode ter sido
dado a Davi por amigos seus ou pode representar a voz do expediente no próprio
coração de Davi. O aviso foi atendido eventualmente e Davi, com uns poucos
amigos, procurou refúgio em lugares remotos das colinas. O verso 2 baseia-se
numa tentativa real para matar Davi com um dardo de arremesso, mas a frase
armam o arco é muitas vezes usada com referência a um ataque hostil por meio da
ação ou da palavra (cfr. Sl 7.12; Sl 37.14; Jr 9.3). Ocultas (2); ler antes
"nas trevas". No verso 3, o argumento é fortalecido por meio de um
apelo a considerações gerais: "Onde quer que os fundamentos da sociedade
se encontrem minados e destruídos pela ação de reis e conselheiros que ignoram
a honra e a justiça, o que têm feito os homens bons e justos a fim de evitar
tal colapso?" Será que Davi presume fazer o que outros grandes homens não têm
realizado?
>Sl-11.4
b) A vigilância que Deus exerce (4-7)
Acima e contra o perigo dos acontecimentos correntes e a aparente
ineficácia da inocência (2c) e da justiça (3b) encontra-se a suprema e
vigilante santidade de Deus. Aquele cuja habitação é o Céu, e cuja autoridade
está entronizada sobre todos, está não obstante e sem cessar a escrutinar o
comportamento de todos os homens (cfr. Sl 33.13-18; Sl 94.9; plenamente
desenvolvido no Sl 139) e a submeter os piedosos a várias provas experimentais
(cfr. Tg 1.12). Ele não reage de modo incerto ao que vê: sobre os piedosos Ele
estende a Sua presença protetora; sobre os ímpios, cujos atos Lhe são
repugnantes, Ele envia os desastres de calamidades naturais (cfr. Gn 19.24; Sl
18.7-14).
Perante estes dois aspectos diferentes da vida (ver a e b acima) o
salmista não hesita em adotar o último e em se entregar Àquele Senhor que está
sempre vigilante e que ama os que buscam a justiça. Num contraste absoluto com
os dias alvoroçados de luta e de incerteza de vida no meio de uma corte
enganosa, o coração que firme e perseverantemente confia no Senhor, depois de
ser provado (5) terá paz na Sua presença. Cfr. Ap 22.4.
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