Introdução:
“Carne”
(gr. sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua
no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm 8.6-8,13; Gl
5.17,21). Aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de
Deus (5.21). Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e
mortificada numa guerra espiritual contínua, que o crente trava através do
poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14; ver Gl 5.17).
Em
contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a
Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta maneira de viver se realiza no crente
à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal
maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras
da carne, e ande em comunhão com Deus (ver Rm 8.5-14; 8.14; cf. 2Co 6.6; Ef
4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9).
Assim,
a igreja espiritual é a que produz o fruto do Espírito Santo com todas as suas dádivas,
podendo assim se preparar para uma obra missão integral, uma verdadeira missão
de caridade e serviço ao próximo. Como na parábola do Samaritano.
A Parábola do Bom Samaritano é uma famosa
parábola do Novo Testamento que aparece unicamente em Lucas 10:30-37. O ponto
de vista majoritário indica que esta parábola foi contada por Jesus a fim de
ilustrar que a compaixão deveria ser aplicada a todas as pessoas, e que o
cumprimento do espírito e da Lei é tão importante quanto o cumprimento da letra
da Lei. Jesus coloca a definição de próximo num contexto mais amplo, além
daquilo que as pessoas geralmente consideravam como tal.
1) Fruto da Carne
(a)
“Prostituição”
(gr. pornéia), i.e., imoralidade sexual de todas as formas. Isto inclui,
também, gostar de quadros, filmes ou publicações pornográficos (cf. Mt 5.32;
19.9; At 15.20,29; 21.25; 1Co 5.1). Os termos moichéia e pornéia são traduzidos
por um só em português: prostituição.
(b)
“Impureza”
(gr. akatharsia), i.e., pecados sexuais, atos pecaminosos e vícios, inclusive
maus pensamentos e desejos do coração (Ef 5.3; Cl 3.5).
(c)
“Lascívia”
(gr. aselgeia), i.e., sensualidade. É a pessoa seguir suas próprias paixões e
maus desejos a ponto de perder a vergonha e a decência (2Co 12.21).
(d)
“Idolatria”
(gr. eidololatria), i.e., a adoração de espíritos, pessoas ou ídolos, e também
a confiança numa pessoa, instituição ou objeto como se tivesse autoridade igual
ou maior que Deus e sua Palavra (Cl 3.5).
(e)
“Feitiçarias”
(gr. pharmakeia), i.e., espiritismo, magia negra, adoração de demônios e o uso
de drogas e outros materiais, na prática da feitiçaria (Êx 7.11,22; 8.18; Ap
9.21; 18.23).
(f)
“Inimizades”
(gr. echthra), i.e., intenções e ações fortemente hostis; antipatia e inimizade
extremas.
(g)
“Porfias”
(gr. eris), i.e., brigas, oposição, luta por superioridade (Rm 1.29; 1Co 1.11;
3.3).
(h)
“Emulações”
(gr. zelos), i.e., ressentimento, inveja amarga do sucesso dos outros (Rm
13.13; 1Co 3.3).
(i)
“Iras”
(gr. thumos), i.e., ira ou fúria explosiva que irrompe através de palavras e
ações violentas (Cl 3.8).
(j)
“Pelejas”
(gr. eritheia), i.e., ambição egoísta e a cobiça do poder (2Co 12.20; Fp
1.16,17).
(k)
“Dissensões”
(gr. dichostasia), i.e., introduzir ensinos cismáticos na congregação sem
qualquer respaldo na Palavra de Deus (Rm 16.17).
(m)
“Heresias”
(gr. hairesis), i.e., grupos divididos dentro da congregação, formando conluios
egoístas que destroem a unidade da igreja (1Co 11.19).
(n)
“Invejas”
(gr. fthonos), i.e., antipatia ressentida contra outra pessoa que possui algo
que não temos e queremos.
(o)
“Homicídios”
(gr. phonos), i.e., matar o próximo por perversidade. A tradução do termo
phonos na Bíblia de Almeida está embutida na tradução de methe, a seguir, por
tratar-se de práticas conexas.
(p)
“Bebedices”
(gr. methe), i.e., descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de
bebida embriagante.
(q)
“Glutonarias”
(gr. komos), i.e., diversões, festas com comida e bebida de modo extravagante e
desenfreado, envolvendo drogas, sexo e coisas semelhantes.
As palavras finais de Paulo sobre as obras da
carne são severas e enérgicas: quem se diz crente em Jesus e participa dessas
atividades iníquas exclui-se do reino de Deus, i.e., não terá salvação (5.21;
ver 1Co 6.9).
2. O Fruto do
espírito
(a)
“Caridade”
(amor) (gr. agape), i.e., o interesse e a busca do bem maior de outra pessoa
sem nada querer em troca (Rm 5.5; 1Co 13; Ef 5.2; Cl 3.14).
(b)
“Gozo”
(gr. chara), i.e., a sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas
bênçãos, nas promessas e na presença de Deus, bênçãos estas que pertencem
àqueles que crêem em Cristo (Sl 119.16; 2Co 6.10; 12.9; 1Pe 1.8; ver Fp 1.14).
(c)
“Paz”
(gr. eirene), i.e., a quietude de coração e mente, baseada na convicção de que
tudo vai bem entre o crente e seu Pai celestial (Rm 15.33; Fp 4.7; 1Ts 5.23; Hb
13.20).
(d)
“Longanimidade”
(gr. makrothumia), i.e., perseverança, paciência, ser tardio para irar-se ou
para o desespero (Ef 4.2; 2Tm 3.10; Hb 12.1).
(e)
“Benignidade”
(gr. chrestotes), i.e., não querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor (Ef
4.32; Cl 3.12; 1Pe 2.3).
(f)
“Bondade”
(gr. agathosune), i.e., zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal;
pode ser expressa em atos de bondade (Lc 7.37-50) ou na repreensão e na
correção do mal (Mt 21.12,13).
(g)
“Fé”
(gr. pistis), i.e., lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos
unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade (Mt 23.23; Rm
3.3; 1Tm 6.12; 2Tm 2.2; 4.7; Tt 2.10).
(h)
“Mansidão”
(gr. prautes), i.e., moderação, associada à força e à coragem; descreve alguém
que pode irar-se com equidade quando for necessário, e também humildemente
submeter-se quando for preciso (2Tm 2.25; 1Pe 3.15; para a mansidão de Jesus,
cf. Mt 11.29 com 23; Mc 3.5; a de Paulo, cf. 2Co 10.1 com 10.4-6; Gl 1.9; a de
Moisés, cf. Nm 12.3 com Êx 32.19,20).
(i)
“Temperança”
(gr. egkrateia), i.e., o controle ou domínio sobre nossos próprios desejos e
paixões, inclusive a fidelidade aos votos conjugais; também a pureza (1Co 7.9;
Tt 1.8; 2.5).
O
ensino final de Paulo sobre o fruto do Espírito é que não há qualquer restrição
quanto ao modo de viver aqui indicado. O crente pode — e realmente deve —
praticar essas virtudes continuamente. Nunca haverá uma lei que lhes impeça de
viver segundo os princípios aqui descritos.
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