SALMO 3
Os Salmos 3-5
estão relacionados como sendo orações da manhã e da tarde. O título deste Salmo
indica que o mesmo foi escrito quando Davi fugia de Absalão, o usurpador. A
tristeza de coração do rei (1) nasceu da surpreendente magnitude da rebelião
(cfr. 2Sm 15.13) e também do sentimento prevalecente
entre o povo de que Davi não mais continuaria a receber auxílio de Deus (2),
tão desesperada parecia a sua posição. A parte restante do Salmo distingue-se
do sumário precedente da situação pela palavra selah,
que sempre parece indicar uma mudança no modo, uma pausa no cântico ou uma
alteração ao acompanhamento musical. Esta palavra foi inserida algum tempo
depois do poema ser composto com o fim de o adaptar para o uso nos serviços do
templo. Os versos 3-8, que exprimem a reação de Davi ao desenrolar esmagador
dos acontecimentos, são uma manifestação sublime de inextinguível confiança em
Deus.
Pode
considerar-se o poema dividido em três partes.
a)
Abatimento ao cair da noite (1-4)
Os
acontecimentos sombrios do dia (1-2) são resumidos na oração da noite e
deixados com o Senhor com a confiança de que Ele tem ouvido e prestado atenção.
Tu, Senhor, és um escudo (3). Cfr. a promessa de Deus a Abraão (Gn 15.1). A confiança de Davi em Deus baseia-se na Sua fidelidade
anterior, embora esta tenha estado associada com o Seu Santo monte (4), do qual agora Davi é obrigado a sair (cfr. Sl 2.6). Era este conhecimento do Senhor que lhe tornava possível
dormir.
>Sl-3.5
b) Fé
vigorosa de manhã (5-6)
O Senhor me
sustentou (5). A frescura e o
vigor do corpo e a serenidade da fé com que o escritor acordou na manhã
seguinte deviam-se a uma certeza implícita da misericórdia e do poder
preservador de Deus. Isto não só despojou as circunstâncias pressagiosas de
qualquer poder de intimidar como também deu motivo à reivindicação de um
triunfo real sobre as mesmas. Isto é, como na seção anterior, uma descrição dos
sentimentos pessoais é seguida de uma oração ao Senhor. Ver o contraste com 2Sm 15.30.
>Sl-3.7
c) Um apelo
a Deus (7-8)
Este apelo é
motivado pelo perigo ainda existente mas é formulado como se a petição
estivesse já concedida (cfr. Mc
11.24). Termina com uma
afirmação da soberania divina no assunto da salvação que evoca uma bênção final
e intercessória. Esta bênção deverá ser derramada contra o desapontamento
sentido pelo povo nos vers. 1-2.
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