DE JOSUÉ A ESTER
a) O Livro
de Josué
O caráter da literatura histórica é determinado pelo lugar que
ocupa nos planos da revelação de Deus para a redenção da humanidade. A
finalidade é, portanto, revelar o que o Senhor, na Sua misericórdia determinou
para salvar o homem. É deste modo que ao Pentateuco se pode chamar a base da
revelação, desde a criação do mundo até ao estabelecimento duma aliança com
Israel, em que se expõem as condições dessa aliança. O livro de Josué mostra
como o Senhor leva o povo escolhido à Terra Prometida, em conformidade com
aquela aliança. A história que se segue, todavia, vai dizer-nos que só pela Lei
não é possível a salvação. Como então? A redenção dos pecadores só poderia ser
efetuada pelo Filho de Deus encarnado. Os livros dos Juízes, de Samuel e dos
Reis lembram a apostasia de Israel, a que já os últimos versículos de Josué
fazem referência: "Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué,
e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e sabiam
toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel" (Js 24.31). Nestas
palavras se resume a história da religião de Israel, que assim abandonava o seu
Deus.
b) O Livro
dos Juízes
A isto se pode resumir o livro dos Juízes: "Os filhos de
Israel deixaram ao Senhor, Deus de seus pais, e prestaram culto aos deuses
pagãos de Canaã, Baal e Astarote. Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra
Israel, e os deu na mão dos seus inimigos. Todavia levantou o Senhor juízes que
os livraram desses inimigos. Mas quando morreu o juiz, voltaram à idolatria e
de novo foram castigados e oprimidos" (cfr., por exemplo, Jz 2.11-23). Assim,
até Jz 15 sucedem-se com mais ou menos pormenores diferentes narrações da
atividade dos doze juízes. Os últimos capítulos limitam-se a registrar o estado
deplorável durante este período da história de Israel.
c) O Livro
de Rute
A nossa Bíblia interrompe agora a história com o pequeno livro de
Rute, e bem que a Bíblia hebraica o apresente na terceira e última parte do
Velho Testamento, num grupo separado, a que os judeus dão o nome de
"Escritos". O livro conta a história da moabita Rute, casada com um
rico proprietário, de nome Boaz, um dos antepassados de Davi. A introdução duma
gentia na sagrada descendência de Davi, de quem havia de nascer o Messias, vem
demonstrar que a eleição de Israel não exclui os pagãos da salvação do Senhor.
Donde se infere, que o Salvador será o grande Redentor não só de Israel, mas de
todas as nações.
d) Os Livros
de Samuel, dos Reis e das Crônicas
Os livros de Samuel e dos Reis contam o ressurgimento do país,
sobretudo nos reinados de Davi e Salomão, e por fim o seu declínio após a morte
deste último. Na divisão do país sob Roboão e Jeroboão, apresenta-se a história
paralela dos reis de Judá e de Israel, terminando com a apostasia que levou à
destruição do norte do país e depois à catástrofe final do exílio no ano 586
a.C. O cronista resume toda a história desde Adão em diante. Até à morte de
Saul é, por assim dizer, uma breve genealogia; mas a partir daí segue quase a
par e passo os livros de Samuel e dos Reis. Após a divisão do reino, limita-se
quase só a descrever os acontecimentos relativos ao reino de Judá. Quando os
livros das Crônicas, porém, se cingem a relatar os mesmos acontecimentos que os
livros de Samuel e dos Reis, não os reproduzem literalmente. É o que se
verifica com as narrações da vida de Jesus Cristo pelos quatro evangelistas. A
"crítica" nem sempre é favorável ao autor das Crônicas. Mas o fato de
mencionar certos acontecimentos que Samuel e os Reis passam em silêncio, ou
então omitir outros que aqueles livros registram, leva-nos a colocá-los ao lado
dos evangelistas, de cuja probidade ninguém duvida. Dum modo especial note-se
como o cronista se interessa principalmente por tudo o que se relaciona com as
cerimônias do culto, deliciando-nos com inúmeros pormenores interessantes, que
os outros livros passam em silêncio.
e) Os Livros
de Esdras e Neemias
A tomada de Jerusalém e o cativeiro dos seus habitantes em
Babilônia, de modo algum frustrou o plano redentor de Deus; pois a nação, da
qual havia de nascer o Salvador, não podia ser completamente abandonada. Dá-se
então o regresso do exílio, como lembra o cronista no seu último capítulo,
referindo-se ao decreto do rei da Pérsia, Ciro, que autoriza os cativos a
voltarem à terra de seus pais, se assim o desejassem e a reconstruírem o templo
do Senhor em Jerusalém. É o que podemos constatar nos livros de Esdras e
Neemias, que vão ao ponto de relatar minuciosamente todos esses trabalhos, sem
esquecer as dificuldades que tiveram de vencer os filhos de Israel, há pouco
vindos do exílio. Estes livros demonstram claramente que, apesar dos revezes da
ruína de Jerusalém e do que sofreram no exílio, os filhos de Israel não
prestaram o devido culto ao Senhor. Por isso aguardam a "plenitude dos
tempos" em que Deus enviará o Seu Filho (Gl 4.4-5).
f) O Livro
de Ester
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