A
característica distintiva da verdade do Evangelho de Cristo é a graça – favor
imerecido de Deus para conosco. Em contraste, a religião mundana é um sistema
de leis, regulamentos e obras. Isso é facilmente entendido e aceito pelo mundo,
que pensa que devem fazer algo para merecer sua salvação e aceitação por Deus.
Nossa tendência natural é colocar-nos no centro, pensando que somos capazes de
ao menos contribuir para a nossa salvação.
Todavia, nunca podemos merecer o amor de Deus. Ele nos vem como um dom
gratuito: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós;
é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef. 2:8, 9). O dom
gratuito da salvação é explicado adicionalmente na epístola de Paulo aos
Romanos:
Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa;
porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos [a pecaminosidade imputada de
Adão], muito mais a graça de Deus e o
dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre
muitos. O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o
julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre
de muitas ofensas, para a justificação. Se, pela ofensa de um e por meio de um
só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. (Rm.
5:15-17; ênfase minha).
A
salvação é um dom gratuito porque não poderíamos adquiri-la através de obras ou
mérito da nossa parte. Somos justificados, significando que somos feitos justos
em nosso relacionamento com Deus, onde ele não mais olha para o nosso pecado,
através da justiça de Cristo que é aplicada em nós mediante a nossa fé. À
medida que Paulo fornece uma lista de pecados aos quais nós como crentes fomos
uma vez escravos antes de crermos, ele contrasta isso com a obra da graça de
Deus em nós agora.
Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus,
nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça
praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o
lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós
ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados
por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna
(Tito 3:4-7).
Mesmo
a capacidade de crer em Cristo pela fé é um dom gratuito de Deus. Como
pecadores não-regenerados não podemos fazer isso à parte da obra do Espírito de Deus em nós (cf. 1Co. 2:14;
Tito 3:5). Embora estivéssemos separados de Deus pelo nosso pecado, ele iniciou
um relacionamento conosco. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5:8).
Tendemos a olhar para nós mesmos a fim de descobrir o motivo pelo qual Deus
deveria nos amar. Ele não nos vê resplandecentes em nossas boas obras. O que
Deus vê é uma vida cheia de culpa, rebelião, egoísmo, idolatria e vergonha, a
menos que sejamos vestidos pela justiça de Cristo. Mas é claro a partir da
Palavra de Deus que Deus nos ama somente porque estamos em Cristo Jesus, que em
amor deu sua vida por nós. “Assim como nos escolheu nele antes da fundação do
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos
predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo,
segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef. 1:4-5). “Que nos salvou e nos chamou
com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria
determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos
eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo
Jesus…” (2Tm. 1:9, 10). A salvação é totalmente a obra de Deus (Sl.
3:8;
Jonas 2:9; Ap. 19:1). Portanto, quando o carcereiro de Filipo perguntou aos
prisioneiros Paulo e Silas, “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?”,
eles responderam, “Crê no Senhor Jesus e
serás salvo, tu e tua casa” (Atos 16:30, 31; ênfase minha).
Embora
a fé para crer seja um dom da parte de Deus, ela é algo que somos instados a
usar diligentemente ao buscá-lo. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,
porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe
e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb. 11:6). Aproximamos-nos de
Deus e o encontramos através de Jesus, que é o caminho e é quem nos mostra o
Pai (João 14:6-11). A recompensa última da nossa fé é receber a vida eterna
agora e, entrando no céu mediante a morte física, ficarmos na presença de Deus.
Tendo agora recebido pela graça essa fé, podemos cantar o hino de James M.
Boice, Visto que a graça é a fonte da vida que é minha – E a fé é um dom do
alto – Gloriar-me-ei em meu Salvador, todo mérito declinarei, E glorificarei a
Deus até eu morrer.
baseado no livro de Bruce McDowell
Nenhum comentário:
Postar um comentário