Não é
necessário que todos os crentes crêem tudo o que este estudo apresenta sobre
eleição. O autor do estudo é ciente que existem explicações diferentes sobre o
tema apresentado mesmo que ele não concorda com todas delas. Mesmo assim, é
esperado que o leitor creia algo sobre o assunto. A Bíblia trata desse estudo
sem confusão. Muitos alunos da Bíblia crêem que mexer com este assunto de
eleição é comprar uma briga, ou entrar em uma briga que é dos outros. Outros
ainda ignoram o assunto por inteiro como se fosse uma parte das coisas
encobertas de Deus e que Ele não quer que ninguém trate do assunto (Deut.
29:29). A atitude do autor não é de brigar, nem interferir com as brigas dos
outros. Também não é a sua intenção de desvendar algo misterioso que Deus quer
deixar encoberto para todo o sempre. O autor simplesmente quer expor o que a
Bíblia diz do assunto e, mesmo não entendendo tudo sobre Deus, crer pela fé
aquilo revelado divinamente pela Palavra de Deus. Este deve ser o mínimo esperado
de um estudo bíblico por qualquer aluno consistente. Devemos lembrar-nos: tudo
que está revelado na Bíblia pertencem a nós e a nossos filhos (Deut. 29:29; II
Tim 3:16,17, "Toda a Escritura é inspirada e proveitosa ...").
O
simples fato que subsistem salvos entre o espiritual e moralmente
incapacitados; que existem vivos entre os mortos em pecados e ofensas; que têm
os que querem agradar Deus entre uma multidão de incapacitados que somente
procuram concupiscência é prova definitiva que existe uma força maior do
que os homens crentes operando para salvá-los. Essa força opera segundo um
poder fora do homem. Esse poder opera segundo uma determinação que não
pertence ao homem.
Temos
estudado já que essa determinação é a própria vontade de Deus (Efés. 1:11). A
vontade soberana de Deus é revelada nas Escrituras Sagradas em certos termos. O
termo que estipula a ação da eterna vontade de Deus em determinar quem entre
todos virão ser salvos é eleição. Como entenderemos pelo estudo, a eleição
de Deus é puramente uma terminologia bíblica sem ser uma invenção de nenhum
teólogo humano.
O Significado das Palavras Bíblicas: ‘eleito’ e ‘escolha’
Convém
um entendimento da terminologia que Deus usa pela Bíblia no tratamento desta
doutrina. Existe a palavra ‘eleito’ tanto no Velho Testamento (# 972, 4 vezes
somente: Isa 42:1; 45:4; 65:9,22) e no Novo Testamento (# 1588 com raiz em
#1586, 27 vezes junto com as suas variações: eleição, elegido). Não obstante
onde a palavra ‘eleito’ é usada, tanto no Velho Testamento quanto no Novo
Testamento, a palavra ‘eleito’ significa a mesma coisa: escolhido, um
preferido, elegido - por Deus (Strong’s, Online Bible). As vezes, essa
palavra hebraica traduzida na maioria dos casos por ‘eleito’ em português é
também traduzida, em português, umas quatro vezes, por ‘escolhido’ (I Crôn
16:13; Sal 89:3; 105:6; 106:23). A palavra em grego traduzida por ‘eleito’ no
Novo Testamento (#1588, 27 vezes) é também traduzida ‘escolhido’, com a suas
variações, não menos que trinta vezes (#1586, Mat. 20:16; Mar 13:20,
"eleitos que escolheu"; João 13:18; I Cor 1:27; Efés. 1:4, etc.).
Somente por um olhar ao significado desta palavra ‘eleito’, como ela é usada
pelas Escrituras Sagradas, podemos entender que a eleição é uma escolha,
uma escolha feita por Deus. A palavra ‘eleito’ em português significa como
adjetivo: 1. Escolhido, preferido. Como substantivo significa: Indivíduo eleito
(Dicionário Aurélio Eletrônico). A própria palavra ‘eleição’ significa em
português: 1. Ato de eleger; escolha, opção (Dicionário Aurélio Eletrônico).
Como é claro pelo estudo das palavras usadas biblicamente para explicar a
determinação de Deus, tanto em Hebraica, em grego ou em português a palavra
‘eleito’ e ‘escolha’, junto com a suas variações, significam a mesma coisa, ou
seja, uma escolha de preferência.
A Natureza da Eleição
Desde
que a Bíblia trata dessa escolha abertamente, não temos que chegar a uma vaga
conclusão deduzida por abstratos, emoções, preferencias ideológicas ou mera
simbologia. Essa escolha é descrita pela Bíblia. Por ser descrita biblicamente
não é necessário ter dúvidas sobre a natureza da eleição.
A
eleição: Origina-se com Deus
É
claramente estipulada biblicamente que a eleição origina-se com Deus.
Os que crêem em Cristo são feitos filhos de Deus e salvos mas não são feitos
eleitos pela fé. Este nascimento não é, como origem, do sangue ou da carne (do
homem), mas de Deus (João 1:12,13; Rom. 9:16), quem é Espírito (João
4:24). Estes que querem vir a Deus e crer em Cristo, venham e crêem por serem
dados a Cristo pelo Pai em primeira instancia antes da existência do homem
(João 6:37; Efés. 1:4). Pelo fato de serem dados a Cristo pelo Pai temos uma
prova clara que existia a determinação primeiramente e essa determinação de
Deus é a origem de qualquer ação positiva feita pelo homem para com Deus. Essa
determinação não foi de homem mas de Deus (João 6:37). Pela eleição ser
motivada primeiramente por Deus, Cristo pôde declarar: Não me
escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (João 15:16; I João
4:19). Realmente, se marcássemos através da Bíblia cada um dos casos que Deus
age soberanamente com o homem, cada uma das declarações que determinam que a
eleição e os seus frutos são de Deus e cada ilustração, parábola, etc. que
mostra que a eleição é a operação usual de Deus, entenderemos que quase todos
os livros da Bíblia atestam que a eleição é de Deus pela Sua graça.
Considerando os fatos já estudadas sobre Os Necessitados da Salvação, o
homem não pôde ajudar a Deus nessa escolha pois, o homem, é incapaz de fazer
qualquer coisa boa e realmente apenas maquinava pensamentos maus continuamente
(Gên. 6:5; Jer 17:9; 13:23; Rom. 3:23). Pela razão da eleição vir primeiramente
de Deus, os cristãos têm forte razão de adorar e louvar a Deus eternamente. É
isto que o Apóstolo Paulo enfatiza na sua carta aos Efésios (Efés. 1:3, 4).
A
eleição é: Incondicional
A
natureza dessa escolha é descrita pela Bíblia também como sendo incondicional.
Isso não quer dizer que a salvação não tem condições, pois as tem (e todas elas
são preenchidas pelo sangue de Cristo, Efés. 2:13; I Pedro 1:19,20), mas, não
estamos tratando agora o preço pago na salvação, mas da escolha que Deus
fez para a salvação. Dizendo que a eleição é incondicional queremos entender
que aquela escolha que Deus fez antes da fundação do mundo (Efés. 1:4), não foi
baseada em algo que existia anterior ou poderia existir posteriormente no
homem. Isto é, não há nada que originou-se no homem que poderia ser
interpretada como sendo uma condição que induziu Deus primeiramente o preferir.
A condição da eleição não foi um conhecimento divino que o homem aceitaria a
salvação se ela fosse apresentada a ele. Lembramo-nos do nosso estudo anterior
sobre a condição dos necessitados da salvação, que, no homem, não existe
nenhuma coisa boa (Rom. 7:18, "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem algum"; Jer 7:19; 13:23), e, não habitando
nada boa nele, há nada para atrair a atenção salvadora de Deus a ele nem alago
que dava-lhe uma predisposição a escolher o que era bom (Jer 13:23). A
condição da escolha primária não foi do homem, mas, Deus escolheu o homem
"para a si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade" (Efés.
1:5,9,11). A condição da determinação primária de Deus foi pelo querer de Deus
e não por nenhuma justiça real ou provável que o homem poderia ter, intentar ou
desenvolver (Isa 64:6, são "todas as nossas justiças como trapo da
imundícia"). Se o homem tivesse qualquer condição favorável que o
destacava diante do favor de Deus, aquela condição faria Deus a ser obrigado a
conceder-lhe a salvação. Isso faria a salvação a ser pelas obras ou pelas
condições humanas e não segundo a graça; o beneplácito da vontade divina. A
eleição, tanto quanto a salvação, é puramente pela graça: um favor divino
desmerecido e imerecido pelo homem (Rom. 11:5,6; Efés. 2:8,9). Foi uma escolha
puramente divina e graciosa em salvar um homem que não tinha nenhuma condição
boa para apresentar diante de Deus como um mínimo mérito qualquer. Deus
preferiu um pecador particular para receber a Sua graça somente porque quis
(Rom. 9:15,16, "Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia"). Somente entendendo
tudo sobre a vontade de Deus, algo que não podemos nunca atingir, entenderemos
por completa por que Deus escolheria um homem tão depravado que não possuía nenhuma
capacidade, e, portanto, nenhuma condição, para atrair-lhe a Deus. Mas, de
fato, conforme a Bíblia, é isto que Deus fez. A escolha de Deus de Israel
revela essa atitude (Deut. 7:7) e a escolha de Deus para a salvação é da mesma
natureza (João 1:12,13; Rom. 3:18-23; 9:15,16). Devemos resumir esta parte da
natureza de eleição como Jesus resumiu-a: Sim, ó Pai, porque assim te aprouve
(Mat. 11:26).
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